Em ano difícil, Volvo chega aos 300 mil veículos em Curitiba

Gazeta do Povo

 

Em um ano complicado, no qual enfrentou a maior greve de sua história e vê queda próxima de 50% na produção e nas vendas de caminhões, o grupo Volvo celebra a marca de 300 mil veículos produzidos desde a inauguração de sua fábrica em Curitiba.

 

O caminhão que levou à marca – um extrapesado FH 4×2, com motor de 540cv, equipado com caixa de câmbio eletrônica I-Shift e rodas de alumínio– foi produzido na última sexta-feira (2). O modelo, segundo a empresa, é o mais seguro do mundo.

 

Em setembro, os licenciamentos de caminhões da empresa caíram 58,1% em relação ao mesmo mês de 2014, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Desde o início do ano, a queda acumulada é de 55,5%. As categorias pesada e semipesada, foco de atuação da Volvo, são as que mais sofrem com a baixa demanda neste ano.

 

Mesmo assim, o vice-presidente de RH e Assuntos Corporativos, Carlos Morassutti, destaca que o planejamento estratégico da empresa no Brasil sempre manteve o foco no médio e longo prazo. “Estamos vivendo um momento delicado, sim, mas isso não vai durar para sempre. E nós temos que tomar as nossas decisões sem comprometer o futuro. Por isso, temos que nos ajustar, mas sem perder o norte maior, que para nós é olhar para pelo menos dez anos”, afirma. O Brasil é o segundo maior mercado de caminhões da Volvo, atrás apenas dos Estados Unidos.

 

A fábrica paranaense – hoje uma das mais avançadas da Volvo no mundo – começou a funcionar em 1979, quando foi montado o primeiro veículo no país, um chassi de ônibus modelo B58. Um ano depois, foi iniciada a produção de caminhões, com a montagem do modelo N10, com motor de 260cv.

 

Recentemente, a empresa modernizou a linha de produção de caminhões para poder lançar a nova geração de veículos e também automatizou e inovou as linhas de pintura e solda de sua fábrica de cabines. Além disso, um programa de investimentos de US$ 500 milhões, anunciado em 2012, executado em quase sua totalidade, ampliou instalações dentro da planta, como o novo prédio administrativo, a casa do cliente, o centro de treinamento e outras áreas.

 

Perspectivas

 

Apesar de não falar em números, o vice-presidente Carlos Morassutti afirma que a produção e vendas da empresa não devem retornar aos patamares mais altos, anteriores ao ano passado, antes de 2016. “Nós estamos sujeitos ao que está acontecendo no país. Nosso olhar de curto prazo diz que haverá melhoras muito pequenas que começam a acontecer na sequência, mas para falar do ano que vem ainda é cedo”, diz.

 

Ajustes

 

Segundo Morassutti, para se ajustar ao momento de dificuldade econômica do país, a companhia passou por revisões de volume de produção e de gastos, que, para os funcionários, resultaram em uma menor participação nos lucros e resultados (PLR) e um reajuste salarial limitado à reposição da inflação. Dos 4 mil empregados, 300 estão com os contratos de trabalho suspensos, em regime de layoff.

 

Linha do tempo

 

Conheça a história da Volvo em Curitiba:

 

1977 – Constituída a Volvo do Brasil Motores e Veículos S.A.

1979 – Início da produção de motores e dos primeiros chassis de ônibus B58.

1980 – Primeiros caminhões N10, com motor de 260cv.

1980 – Início das exportações, com cinco ônibus B58 para a República Dominicana.

1981 – Começa a produção do caminhão pesado N12, com motor de 12 litros, e do N10 para terrenos mais severos.

1981 – 1.000º veículo no país.

1982 – Lançamento do motor TD100G, com maior potência e torque e menor consumo de combustível e também dos ônibus B58E 4×2 e 6×2.

1984 – Modificações na linha de caminhões: H, XH e XHT.

1985 – Lançamento da série F de motores, equipando a nova linha de caminhões Intercooler (resfriador do ar de admissão do turbo para o motor).

1986 – Instituída a primeira comissão de fábrica das empresas da CIC, na Volvo.

1987 – Lançado o Programa Volvo de Segurança no Trânsito.

1989 – A linha de caminhões NL é a primeira desenvolvida pela engenharia brasileira.

1990 – Lançamento do ônibus B58 urbano “ligeirinho”, implantado em Curitiba para alimentar as estações-tubo.

1991 – Lançamento dos ônibus biarticulados para o transporte público de Curitiba.

1993 – Introdução dos caminhões com motor eletrônico.

1995 – 50.000º caminhão.

1996 – Lançada a linha de caminhões EDC, menos poluente.

1998 – Lançamento dos caminhões FH12 com “cara chata”.

1999 – Nova fábrica de motores.

2000 – Lançamento do ônibus B7R com piso baixo.

2003 – Nova linha de caminhões pesados com o FM 10×4.

2006 – Início da produção local das minicarregadeiras série MC.

2007 – Lançamento do FH com motor de 13 litros.

2009 – FH ganha dispositivos de segurança ativa e passiva, transformando-se no caminhão mais seguro do mundo.

2014 – Lançada a nova geração do FH, com uma série de dispositivos que o tornaram o caminhão mais conectado.

2015 – Comemoração da marca de 300.000 veículos.

(Gazeta do Povo/Talita Boros Voitch)