Montadoras anunciam novas paradas de produção em setembro

O Estado de S. Paulo

 

Sem sinais de recuperação no mercado e com altos estoques, mais um grupo de montadoras anuncia cortes de produção em setembro. Pelo menos 15,6 mil trabalhadores terão férias forçadas no próximo mês.

 

Além de férias, novos programas de lay­off (suspensão de contratos por até cinco meses) estão sendo anunciados. A fabricante de caminhões Iveco colocará em lay­off 300 trabalhadores da linha de caminhões pesados na fábrica de Sete Lagoas (MG) a partir do dia 16. Há outros 6 mil operários de várias montadoras nessa condição.

 

General Motors, Mitsubishi e Volkswagen darão férias coletivas. Nos próximos dias, outras empresas devem anunciar paradas, aproveitando o feriado da Independência, no dia 7.

 

A Mitsubishi decidiu antecipar as férias de fim de ano e dispensará boa parte dos 3 mil funcionários da fábrica de Catalão (GO) de 14 de setembro a 3 de outubro. A Volkswagen dará férias de 20 dias a cerca de 450 trabalhadores em São José dos Pinhais (PR) a partir do dia 1º. O grupo estava em lay­off há cinco meses e retornou ao trabalho nesta semana, segundo o sindicato dos metalúrgicos local.

 

A Volkswagen informou que “tem feito uso de ferramentas de flexibilização para adequar o volume de produção à demanda do mercado”. A General Motors vai suspender toda a operação do complexo de Gravataí (RS), onde trabalham 9 mil pessoas, entre os dias 7 e 27.

 

Estarão ainda fora das fábricas no próximo mês os 3 mil trabalhadores da Fiat de Betim (MG) que entraram em férias na última segunda­feira e só retornam no dia 14. Na Chery, de Jacareí (SP), 200 operários também iniciaram férias na segunda­feira e voltam no dia 8.

 

Protesto

 

Ontem, funcionários da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo (SP) realizaram passeata pela Rodovia Anchieta em protesto contra 1,5 mil demissões na fábrica.

 

Os cortes começaram a ser comunicados por telegrama na sexta­feira, quando os 7 mil trabalhadores da área de produção da Mercedes ainda estavam em férias coletivas. Eles deveriam retomar as atividades na segunda­feira, mas decretaram greve por tempo indeterminado.

 

“Ainda há trabalhadores recebendo os avisos de demissão por correio”, afirma Sérgio Nobre, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

 

A Mercedes emprega 10 mil pessoas e alega ter mais de 2 mil excedentes, pois opera com 50% de sua capacidade produtiva. Recentemente a montadora de caminhões e ônibus já havia dispensado 500 trabalhadores.

 

Segundo o sindicato, não há reunião agendada com a empresa. Os trabalhadores querem negociar a adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que prevê redução de jornada e salários em até 30%.

 

A empresa, contudo, diz que, além do PPE, “são necessárias outras medidas de contenção de custos de pessoal, como reposição parcial da inflação no próximo ano, para enfrentar a crise econômica e continuar a gerenciar o excesso de pessoas”. Só neste ano as montadoras demitiram 8,8 mil trabalhadores. Até julho, a produção de veículos caiu 18,1% ante 2014.

 

A GM anunciou 798 demissões em São José dos Campos, mas na semana passada suspendeu os cortes e colocou esse pessoal em lay­off por cinco meses, após greve dos trabalhadores. (O estado de S. Paulo/Cleide Silva e André Ítalo Rocha)