Banco do Brasil anuncia crédito para montadoras e ações caem

O Estado de S. Paulo

 

O Banco do Brasil (BB) anunciou uma linha especial de financiamento de R$ 3,1 bilhões para a indústria automobilística, numa tentativa de conter a piora da economia. O anúncio ocorreu um dia após a Caixa Econômica Federal divulgar medidas de socorro ao setor privado, com crédito mais barato. O mercado repercutiu negativamente a medida, pelo fato de o banco elevar a exposição a setores debilitados por decisão política. As ações do BB fecharam com queda de 6,17.

 

Nos dois casos de ajuda, o setor automotivo é o primeiro beneficiado, mas a intenção é contemplar outros segmentos produtivos, como construção civil e máquinas e equipamentos.

 

Somado ao montante da Caixa, serão R$ 8,1 bilhões à disposição do setor automotivo até o fim do ano. Nos próximos dias haverá anúncio de mais uma medida, provavelmente envolvendo facilidades para o financiamento no varejo.

 

O setor automotivo, em parceria com o governo, tenta criar uma agenda positiva para enfrentar a crise atual, que já custou mais de 50 mil empregos neste ano só nas montadoras (8,8 mil cortes), autopeças (30 mil) e revendas (12 mil).

 

N o convênio anunciado pela Caixa na terça-feira, os juros mais baixos para financiamentos, de 0,83 ao mês, serão destinados às empresas que se comprometerem a manter o nível de emprego, embora a instituição admita não ter como controlar esses dados. No caso do BB, não há acerto formal, mas um compromisso, por parte das empresas, de “melhores esforços para a manutenção de empregos”, diz o presidente do banco, Alexandre Abreu.

 

“A ajuda chegou tarde e talvez não seja suficiente, mas é melhor do que estava até agora; é um oxigênio adicional para ajudar a gente a respirar”, diz o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori. O executivo prevê para o ano uma queda de 20 nas atividades do setor; As montadoras projetam redução de quase 18na produção e de 21% nas vendas.

 

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, o esforço da Caixa e do BB podem ajudar a estancar o momento de dificuldades. Ele espera uma melhora no mercado só a partir do segundo trimestre de 2016.

 

O acordo com o BB tem por finalidade o financiamento às empresas fornecedoras e começa com 26 grandes grupos, que farão o papel de fiadores de empresas de menor porte. Também inclui programa que reduz de 67 para 14 dias o prazo de liberação de crédito para máquinas e implementos agrícolas.

 

Os R$ 3,1 bilhões estão inseridos num pacote maior, de R$ 9 bilhões em recursos próprios que o BB espera desembolsar para 500 grupos das principais áreas da economia.

 

Abreu não detalha juros a serem cobrados, pois alega que será avaliado caso a caso. Ele acredita que bancos privados também deverão lançar projetos similares. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva e Karin Sato)