O Estado de S. Paulo
Na contramão do projeto de lei que tramitano Congresso regulamentando a terceirização no Brasil, a Ford “desterceirizou” o setor de logística na fábrica do grupo em São Bernardo do Campo (SP).
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com o processo foram criadas 478 vagas efetivas na área. Elas serão preenchidas por 268 trabalhadores terceirizados que já atuavam no setor e foram contratados pela Ford, 57 funcionários que estavam em lay-off desde maio e foram chamados de volta e i53 empregados realocados de outras áreas da fábrica e que eram considerados excedentes. A montadora confirmou o processo, mas não deu detalhes.
“Essa conquista garante melhores condições de trabalho, salários e qualidade no emprego aos trabalhadores”, comemorou o diretor executivo do sindicato, Alexandre Colombo.
Para a entidade, o principal benefício do processo foi ter diminuído o número de trabalhadores considerados excedentes – cerca de 20a pessoas até antes da “desterceirização”, conforme o sindicato.
Funcionário de uma empresa terceirizada há um ano e sete meses, Wellington Gonçalves, de 32 anos, prestava serviços para a Ford e disse acreditar que a situação vai melhorar muito agora que é contratado diretamente da montadora.
“O salário aumentou em cerca de R$ 200. Além disso agora tenho um convênio médico bom e posso usar o ônibus fretado da empresa”. Ele utilizava dois ônibus para ir e dois para voltar do trabalho (R$ 14 por dia) e agora usará apenas o fretado, pelo qual pagará R$ 60 mensais.
Gonçalves mora com os pais e dois irmãos em São Bernardo e disse que ajuda nas despesas com alimentação, água, luz e telefone. “Agora, a situação vai ficar melhor”.
Estabilidade. Apesar do retorno de 57 trabalhadores do lay-off, restam ainda 177 metalúrgicos com contratos suspensos na unidade desde maio, por até cinco meses.
A “desterceirização”, lembrou o sindicato; faz parte do acordo de estabilidade de emprego até 2017 aprovado pelos trabalhadores em março deste ano. Pelo acerto, em troca da estabilidade, os metalúrgicos aceitaram a abertura de programas de demissão voluntária (PDV´s) e reajuste salarial apenas com reposição da inflação em 2016, com ganho real substituído por um abono de R$1,7 mil (não incorporado ao salário), Para 2015, será pago um abono de R$ 8 mil no lugar do reajuste pela inflação e do aumento real.
Na semana passada, a Ford abriu um PDV para o pessoal administrativo. As fábricas de carros e a de caminhões, que operam na mesma área, empregam cerca de 4 mil pessoas, sendo 1 mil no setor administrativo. A empresa não informou qual a é meta a ser atingida no programa. (O Estado de S. Paulo/Igor Gadelha e Cleide Silva)