Montadoras revelam otimismo na Fenatran

Folha de Londrina

 

“Esta Fenatran marca a retomada do mercado de caminhões.” Foi com esta frase, dita pelo presidente da Volvo na América Latina, Wilson Lirmann, que teve início a maratona de entrevistas coletivas do 21º Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas – Fenatran, na manhã de domingo (15), em São Paulo. Um otimismo moderado em relação à economia brasileira marcou as declarações dos representantes das montadoras de caminhões presentes no evento.

 

Na edição anterior da feira, realizada em 2015, o País estava prestes a fechar o ano com o maior encolhimento do PIB (Produto Interno Bruto) desde que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mede esse índice: 3,8%. Diante do cenário sombrio, apenas duas montadoras participaram daquela Fenatran, a DAF e a Volvo, ambas com fábricas no Paraná. Na edição deste ano, que vai até sexta-feira (20), todas as marcas montaram estandes no Centro de Convenções Imigrantes.

 

“Vimos sinais de recuperação”, afirmou o sueco Martin Lundstedt, CEO do Grupo Volvo. “O Brasil é o Bric que tem a logística mais avançada e a eficiência logística é a espinha dorsal para nós”, declarou ele, em referência à sigla que representa as nações emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China. Lundstedt lembrou da crise vivida pelos países asiáticos no final dos anos 1990 e declarou: “A economia vive de picos e vales. A queda foi muito forte para o Brasil, mas temos perspectivas boas para os próximos cinco anos”, avaliou.

 

Claus Nielsen, hoje presidente mundial da Volvo Caminhões, disse que era presidente da montadora na América Latina no início da crise brasileira, em 2015. E que acompanhou de perto a situação do Brasil. “Saímos do fundo do poço. Alguns setores mostram sinais saudáveis como mineração e agricultura. Acreditamos que o segmento no qual atuamos vai crescer 20% no próximo ano.”

 

A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) estima que haverá uma “discreta” retração neste ano no emplacamento de caminhões, na comparação com 2016, quando foram vendidos 50.292 veículos. As vendas de caminhões hoje representam menos de um terço do pico histórico de 2011.

 

Nielson lembrou que os países vizinhos ao Brasil ajudaram a Volvo a atravessar a crise. A maioria das montadoras se voltou à exportação nos últimos anos. A DAF, que ainda não exporta, anunciou que começará em breve a vender os caminhões fabricados em Ponta Grossa para outros países do Mercosul. Mas, o presidente da montadora no Brasil, Michael Kuester, disse que continua apostando no mercado brasileiro. “Estamos prontos para a retomada (da economia no Brasil)”, declarou.

 

A montadora quer abocanhar uma parte maior do mercado nacional. Hoje, ela tem 5,5% de participação no segmento de pesados, no qual atua, e quer chegar a 10% no próximo ano. Para isso, fez investimentos iniciais de R$ 100 milhões num banco próprio em Ponta Grossa. A instituição financeira ainda está em fase de aprovação pelo Banco Central.

 

Presidente da MAN na América Latina, Roberto Cortês afirmou que os “sinais da economia não deixam dúvida”. E que, aos poucos, a confiança no Brasil está voltando. Lyle Watter, presidente da Ford Caminhões na América do Sul foi na mesma linha. “A crise foi muito dura, foi a pior recessão da história, mas a economia dá sinais promissores”, disse ele, citando dados a respeito do aumento das vendas de papelão para embalagem e do crescimento do tráfego nas rodovias do País. “A macroeconomia começa a mostrar progresso, com perspectivas de aumento do PIB, inflação baixa e juros em declínio.”

 

Já o presidente da Mercedes-Benz, o alemão Phillipp Schiemer, além de afirmar que a economia “finalmente” dá sinais de recuperação, cobrou a realização de reformas para que o Brasil se mova “rumo ao futuro”. O jornalista viajou a convite do evento. (Folha de Londrina/Nelson Bortolin)