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A Dana busca, continuamente, inovar e melhorar os seus processos, valendo-se de ferramentas como o brain storm, MBF (Gerenciamento por fatos) e VSM (Value Stream Map). No que tange à gestão ambiental, não apenas atende aos quesitos da norma ISO14001, mas busca sempre novas oportunidades para minimizar o impacto de suas atividades. Sua Política Ambiental sustenta o movimento de reduzir o impacto no meio ambiente dos processos de manufatura, produtos e, portanto, negócios. Um dos gargalos, porém, era o descarte da borracha.

A indústria pneumática, por força de lei, já criou uma cadeia produtiva para reciclagem – 90% da produção brasileira é reutilizada em diversos segmentos, como recuperação de energia (64%), aditivo para misturas asfálticas (2%) e usos diversos (34%). Contudo, as realidades entre a indústria de pneumáticos e a indústria de artefatos de borracha vulcanizada são completamente distintas. Enquanto o pneu tem de 3 a 4 componentes, os artefatos desse tipo de borracha contêm de 10 a 15 elastômeros e, durante a produção, ocorre uma reação química (cura) irreversível. O processo gera resíduos que não podem ser usados diretamente no lugar de material virgem, como no plástico, por exemplo.

A Norma ABNT NBR 10.004 de 09/1987 exige o tratamento com propósito de reutilização ou pelo menos sua inertização, isto é, envio para aterros industriais, mas artefatos de borracha vulcanizada, após sua vida útil, demoram de 400 a 800 anos para se decompor no meio ambiente. Até 2004, a Dana enviava a aterros mais de 300 T/ano de resíduos de borracha resultantes das atividades industriais, ação que se opunha ao compromisso com a meta de aumentar os índices de reciclagem, em toda corporação, de 72% para 89% até 2018, além do alto custo financeiro.

O primeiro passo para o reuso foi dado com a transformação de sobras em pó e reutilização na fabricação de novas peças, mantendo as propriedades, sem afetar a qualidade dos produtos. O índice de aproveitamento da purga está atualmente em 6%, ainda assim insuficiente. Mesmo tendo avaliado mais de 12 projetos, a equipe da Dana encontrava diferentes impedimentos: técnicos devido aos equipamentos das empresas recicladoras não poderem receber peças com componentes de metal/borracha, econômicos, dado o alto custo do envio para processamento, ou ainda legais, pela falta de licenciamento ambiental dos fornecedores, uma vez que a Dana é certificada pela ISO 14001 e este é um quesito mandatório. Finalmente, após uma década de tentativas, uma empresa atuante no segmento de reciclagem de pneus, no Rio Grande do Sul, comprou a ideia de processar tais resíduos. Além do interesse econômico, esse parceiro vislumbrou a possibilidade de trabalhar prestando um serviço ecologicamente correto para uma marca que é referência de qualidade. Atualmente quase 50% dos resíduos são empregados na produção de tapetes automotivos, pneus para carrinhos de mão e apara-barro para caminhões.

A Dana se comprometeu em enviar apenas os resíduos de borracha, sem nenhum componente de metal, requisito imprescindível para preservar o meio ambiente e garantir a integridade dos equipamentos do reciclador. Os operadores de máquinas foram treinados para colocar os resíduos em sacos plásticos transparentes que são imediatamente lacrados e, quando cheios, recolhidos pelos auxiliares de coleta seletiva que levam os sacos até uma caçamba criada especialmente para acondicionar essas sobras. Diariamente, é feita uma inspeção na caçamba para garantir que nenhum componente metálico esteja contaminando a borracha. A equipe do Sistema de Gestão Ambiental faz a conferência nas embalagens e libera o envio para a recicladora.

Os resultados apareceram rápido: o percentual de resíduos enviado a aterros industriais, em 2004, representava 95% da produção total e passou para 47%, em 2014. As conquistas são progressivas, mas a meta da empresa é reduzir a geração de resíduo a zero. Atualmente, quase 50% dos resíduos de borracha gerados na operação estão sendo enviados para a reciclagem, e a expectativa é que esse índice chegue a 100%. Além de tratar-se de uma alternativa para reciclagem de um resíduo industrial, o movimento contribuiu para a geração de empregos. A parceria está motivando os colaboradores das duas empresas e promete resultados ainda mais positivos.

Inspiração.  A iniciativa encontrou uma solução inovadora que se aplica a outras empresas que gerem resíduos de borracha, sem contaminação com metais, plásticos ou outros materiais. Embora não contemplada pela Resolução do Conama, a borracha vulcanizada tem sua destinação prevista na Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em seu artigo 13, define “resíduos industriais” como aqueles gerados nos processos produtivos e instalações industriais. Por isso a iniciativa da Dana tem potencial de impacto positivo na ampla cadeia de fornecedores da indústria automotiva. O Brasil é um dos cinco maiores mercados mundiais de produção de veículos, com fabricação de mais de 3 milhões de unidades/ano. Cada vez mais, empresas que buscarem alternativas sustentáveis se tornarão líderes na geração de valor para toda a sociedade.

O case Reciclagem de Borracha rendeu à Dana, em 2015, o Prêmio Benchmarking Brasil. É a segunda vez que a empresa é premiada.

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