O Estado de S. Paulo/NYT, WP
O presidente Donald Trump assinou memorando com objetivo de criar taxas para as importações americanas, provenientes de todos os países, com as mesmas tarifas que são cobradas de exportadores dos EUA. A decisão aumentou os temores de que se deflagre uma guerra comercial global. A Casa Branca citou como exemplo de disparidade tarifária o etanol brasileiro. Conforme a Casa Branca, a tarifa dos EUA sobre o etanol é de 2,5%, enquanto o Brasil impõe 18%. Consultoria americana diz que Brasil e Índia seriam os países mais afetados pela medida. As novas tarifas serão impostas país por país, após estudo, e devem entrar em vigor em 2 de abril.
Em nova investida, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem memorando com o objetivo de criar novas taxas para as importações de todos os países com as mesmas tarifas que são cobradas de exportadores americanos, aumentando os temores de uma guerra comercial global. A Casa Branca citou como exemplo dessa disparidade tarifária o etanol brasileiro.
As novas tarifas serão impostas individualmente, país por país, depois de estudo encomendado ao Departamento de Comércio, e devem entrar em vigor em 2 de abril. Segundo o jornal Washington Post, em conversa com jornalistas durante a semana Trump citou que seu país poderia vender mais carros para a Europa, motocicletas para a Índia e também carne e laticínios para o Brasil.
No caso do combustível renovável brasileiro, conforme a Casa Branca, “a tarifa dos Estados Unidos sobre o etanol é de apenas 2,5%”. “Mesmo assim, o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%. Como resultado, em 2024 os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, diz trecho de documento que acompanhou o memorando.
No ano passado, os EUA foram o segundo maior comprador do etanol brasileiro, atrás apenas da Coreia do Sul. O país, porém, tem reduzido suas compras do Brasil. Em 2024, importou 309,7 milhões de metros cúbicos de etanol brasileiro, o equivalente a 16,3% do total embarcado. Em 2019, esse mesmo volume havia sido de 1,1 bilhão de metros cúbicos, ou 63% do total, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
Há anos, os produtores e fabricantes americanos pressionam o Brasil para reduzir essa tarifa de importação. A taxa chegou a ser zerada no governo Bolsonaro, em 2022, mas foi retomada agora no governo Lula. O Brasil pede como contrapartida aumento do acesso do açúcar brasileiro ao mercado americano – hoje limitado a uma cota anual.
Depois do anúncio de ontem, ministros brasileiros voltaram a dizer que a disposição é de negociar com o governo americano, a exemplo da postura adotada depois que Trump anunciou sobretaxa de 25% para o aço e o alumínio.
Na prática, a decisão de Trump acaba com tarifas mais baixas sobre a maioria dos itens comprados pelos EUA, em uma política que permite que os americanos tenham acesso a produtos mais baratos de todo o mundo. Questionado se os preços desses itens podem subir, Trump respondeu que “um pouco no curto prazo”, mas que devem cair na sequência. “É justo para todos.” (O Estado de S. Paulo/NYT, WP/Isadora Duarte e Luciana Dyniewicz)