Niterói investe R$ 179 milhões na compra de 50 ônibus elétricos

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

O movimento ainda é lento, mas muitas cidades brasileiras já estão empenhadas em constituir frotas de ônibus elétricos para o transporte público. Depois de São Paulo e São José dos Campos (SP), Cascavel (PR), Brasília (DF) e Salvador (BA), agora é a vez de Niterói (RJ).

 

A prefeitura do município acaba de firmar a compra de 50 ônibus elétricos da fabricante chinesa Higer Bus, com entrega inicial de 30 unidades ao longo dos próximos seis meses. O sistema de pregão eletrônico foi vencido pela empresa TEVX Motors Group, representante da Higer no Brasil, em negociação que vai totalizar R$ 179 milhões.

 

Antes de finalizar a aquisição, Niterói fez, em novembro, testes operacionais com modelos de várias marcas, avaliando autonomia e dados técnicos. O Azure A12 BR, da Higer Bus, levou a melhor ao receber a aprovação dos usuários e da equipe que analisou os veículos.

 

“Um dos diferenciais do Azure é a solução integrada do monobloco”, diz Cadu Souza, CEO da TEVX. “No primeiro momento, é normal haver certa rejeição com esse sistema de construção de chassi. Mas, depois, as pessoas notam as vantagens, como a leveza do ônibus que causa impacto menor no pavimento das ruas.”

 

Sem aumento

 

Outra característica do modelo escolhido por Niterói é o piso 100% baixo, que facilita a acessibilidade, e o baixo nível de ruído. Arcondicionado, wi-fi, portas USB e telas de LEDs compõem a lista de equipamentos do Azure, que aumenta o conforto dos usuários. O veículo tem 12,20 metros de comprimento, transporta até 70 passageiros e a bateria CATL de 385 kWh – que será recarregada pelos equipamentos da empresa Nansen – entrega autonomia de 270 quilômetros. “A manutenção é 65% mais barata em comparação aos ônibus diesel e os custos de combustível caem 80%”, afirma Souza.

 

Segundo a prefeitura de Niterói, os novos coletivos elétricos vão operar cobrando a mesma tarifa dos veículos com motorização convencional. Ela estima que cada unidade evitará a emissão de 115 toneladas de gases de efeito estufa (GEE) por ano, o equivalente ao plantio de 800 árvores.

 

A TEVX participa de outras licitações no País e ganhou também o processo do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (DetroRJ) para o fornecimento de ônibus Azure de duas portas, que servirão as linhas intermunicipais. “Um dos nossos diferenciais é conseguir personalizar o veículo de acordo com a demanda do cliente”, revela o CEO.

 

Hoje, o principal desafio da TEVX e da Higer tem sido conter a volatilidade do dólar no mercado brasileiro, sem incidir os constantes aumentos da moeda americana nos preços finais dos ônibus. Recentemente, Souza viajou à China para negociar a manutenção dos preços com os dirigentes da Higer. “É um cenário que precisa da ajuda da matriz e ela entendeu a nossa situação”, destaca Cadu Souza.

 

Fábrica

 

Evitar a disparada dos preços dos veículos é uma estratégia diretamente relacionada aos planos da joint venture TEVX Higer no País. Em novembro, a companhia anunciou na Fenatran a intenção de importar, no primeiro trimestre de 2025, o caminhão EON E-Truck 6×4 e peso total bruto (PBT) de 49 toneladas, furgões usados principalmente no serviço de entregas de e-commerce e caminhões menores destinados, por exemplo, à coleta de lixo e lavagem de ruas.

 

“O EON E-Truck possui bateria CATL de última geração, mais compacta e eficiente, e grande capacidade para transporte de cargas pesadas e minérios”, revela Cadu Souza.

 

Importar caminhões e veículos comerciais elétricos ajudará a empresa a sentir a receptividade de seus produtos pelo mercado. Em seguida, o passo da TEVX Higer será bem mais ambicioso: construir uma fábrica no interior do Estado de São Paulo, com inauguração prevista para 2026. Na primeira fase, ela receberá os lotes de peças e componentes para fazer a montagem internamente. A ideia, porém, é preparar a transição para a produção local.

 

Com investimento de US$ 110 milhões nos dois primeiros anos, a nova fábrica terá capacidade instalada de 400 veículos produzidos por ano em um turno e vai gerar de 150 a 200 empregos diretos. “No primeiro ano, vamos fabricar ônibus, com a expectativa de expandir para a produção de caminhões e vans”, finaliza o executivo da TEVX. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Mário Sérgio Venditti)