Motor 1
Depois de cinco anos de protótipos, projeções, muitos anúncios e testes, o Aston Martin Valhalla finalmente está pronto. A versão final do hipercarro híbrido plug-in com motor central acaba de ser revelada no site do fabricante britânico, com direto a um configurador do tipo “monte o seu”.
O modelo só entrará na linha de produção, para valer, entre março e abril do ano que vem — mas seis exemplares já tiveram vendas confirmadas no Brasil. Aqui cada carro desses custará algo entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões. A expectativa é de que as primeiras unidades cheguem ao país no segundo semestre de 2025.
Aston Martin
Desde já com pensamento positivo para o Natal do ano que vem, decidimos montar nosso Valhalla no site. A carroceria pode vir totalmente pintada, ou ostentando sua fibra de carbono aparente, seja com acabamento brilhante ou fosco acetinado. Apesar de parecer um carro de pista, o acabamento é superluxuoso. Há dezenas de opções de cores para as combinações dos bancos, painel, volante e outros acabamentos internos de couro ou alcantara (até os tapetes podem trazer um acabamento de alcantara…). Mesmo o embleminha externo da Aston Martin pode ser personalizado, feito de titânio.
A lista de itens de série inclui câmera de ré 360º, retrovisor interno virtual, faróis matriciais (LED Matrix, com facho autoajustável) e regulagem de distância dos pedais. Como opcional, há um sistema de som mais caprichado, fornecido pela tradicional fábrica inglesa de alto-falantes Bowers & Wilkins.
Portas Diedrais
Todos os Valhalla têm monobloco e carroceria inteiramente de fibra de carbono, desenvolvidos em parceria com a equipe Aston Martin de Fórmula 1. Os subchassis são de alumínio. Apesar de tanto esforço para aliviar o carro, seu peso é de 1.655 quilos. O modelo mede 4,73 m de comprimento e tem apenas 1,14 m de altura. As portas são diedrais, que se deslocam um pouco para fora antes de fazerem um movimento vertical semelhante ao das portas tesoura. O sistema, lançado pela Koenigsegg há mais de 20 anos, é imune a tetos de garagem baixos e meios-fios altos (impacto, só visual).
Um scoop no teto cria um efeito ram air que força o fluxo de ar tanto para a admissão quanto para a refrigeração do motor. Montado na parte central traseira vai um V8 biturbo de 4 litros com virabrequim plano — ou seja: a posição do primeiro e do último pistão é sempre a mesma, conferindo equilíbrio e dispensando contrapesos.
Com isso, o conjunto é mais leve e consegue trabalhar em rotações mais altas, como se fossem dois motores de quatro cilindros acoplados. Trata-se, basicamente, do mesmo V8 do Mercedes-AMG GT Black Series, mas com 828 cv (contra 730 cv do Mercedes). Seus turbocompressores podem soprar 20% a mais de ar que os usados no super SUV Aston Martin DBX707.
Vale dizer que esta é a primeira vez que a Aston Martin adota um V8 com virabrequim plano, uma tecnologia já tão comum em modelos da Ferrari, por exemplo, e que hoje é usada até em modelos norte-americanos como o Corvette C8 Z06 (o pioneiro, aliás, foi o Cadillac 1923!).
Ré elétrica e tração integral
No eixo dianteiro vão dois motores elétricos. E há um terceiro motor elétrico que vai na parte de trás do carro, integrado à transmissão. O câmbio é automatizado de oito marchas, com duas embreagens (DCT). Para reduzir e aliviar esse conjunto, a ré é feita por meio dos motores elétricos dianteiros. Além de garantir a tração integral ao carro, esse “trio elétrico” elimina qualquer hiato de força provocado por turbolag.
Com os 251 cv do conjunto elétrico, a potência combinada alcança 1.079 cv, o que permite acelerar de 0 a 100 km/h em 2,5 s e alcançar a máxima de 350 km/h.
Há quatro modos de condução — Sport, Sport+, Race e EV — que ajustam as configurações do conjunto motriz, da direção e da suspensão. Na posição EV, o Valhalla pode percorrer até 13 quilômetros em modo 100% elétrico, alcançando uma velocidade máxima de 140 km/h. Detalhe: tracionando apenas as rodas dianteiras.
O parentesco com os carros da Fórmula 1 aparece na suspensão dianteira ativa com triângulos superpostos, sistema pushrod, com amortecedores e molas montados “in-board” no chassi. Apêndices aerodinâmicos ajustáveis criam o downforce necessário para manter o carro no chão. Para deter o monstro, há discos de carbono-cerâmica com 410 mm com pinças de seis pistões na dianteira, e 390 mm e pinças de quatro pistões na traseira. Isso sem falar no sistema de regeneração de energia para os motores elétricos.
Filhote do Valkyrie
O Valhalla é tratado como um filhote do Valkyrie, modelo que era equipado com um V12 Cosworth aspirado, de 6,5 litros e 1.176 cv. Lançado em 2021, o Valkyrie deixa de ser fabricado este mês, após ter apenas 275 carros vendidos. A expectativa para o Valhalla é bem mais otimista: a Aston Martin pretende produzir 999 exemplares. Além de “mais em conta” (digamos assim…), o novo modelo será mais apto ao trânsito em vias públicas.
Na mitologia nórdica, as Valquírias guiavam as almas dos bravos guerreiros caídos até Valhalla, o salão do deus supremo Odin. Traduzindo do nórdico arcaico, Valhalla é o “salão dos mortos” ou o “palácio dos mortos heróicos” — nome um tanto assustador para um hiperesportivo que alcança os 350 km/h, não? (Motor 1/Jason Vogel)