Inflação desacelera em novembro, mas acumulado em 12 meses vai a 4,87%

O Estado de S. Paulo

 

Variação se distancia mais do teto da meta perseguida pelo BC, de 4,5%. Copom decide hoje nova taxa de juros e apostas são de alta de até 1 ponto.

 

Com a menor pressão dos preços da energia elétrica, a inflação desacelerou no País em novembro. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,39% no mês passado, 0,17 ponto porcentual abaixo do registrado em outubro (0,56%). No acumulado em 12 meses, porém, o indicador subiu para 4,87%, acima dos 4,76% observados até outubro.

 

Esse número é importante no contexto atual da economia. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai anunciar hoje a nova Selic – atualmente em 11,25% – de olho na inflação corrente e nas projeções para os próximos meses. A meta perseguida pelo BC é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Ou seja, o número atual já está acima do teto da meta.

 

Pesqui s a do Pr oj e ç ões Broadcast mostrou que a maioria no mercado ainda vê um aumento de 0,75 ponto para a taxa básica de juros, mas cresceu a aposta de que o Copom pode anunciar hoje um aperto ainda maior da política monetária.

 

O IPCA de dezembro precisaria encerrar com alta máxima de 0,20% para que a meta deste ano não fosse superada, calculou o IBGE. A LCA Consultores, porém, espera uma taxa mais de três vezes superior para o mês, de 0,68%, com o IPCA fechando o ano em 5%. “Por conta da recente desvalorização cambial, elevamos nossa projeção para o IPCA de dezembro de 0,59% para 0,68%, bem como a do ano de 2024 passou de 4,8% para 5%. Sobre 2025, a maior inércia que será herdada do ano anterior nos fez elevar a projeção do IPCA de 4,4% para 4,5%”, projetou Fábio Romão, da LCA Consultores, em relatório.

 

Variação

 

Seis dos nove grupos de despesas registraram quedas de preços em novembro. O maior alívio foi encontrado em habitação (-1,53%), com forte contribuição da energia elétrica (recuo de 6,27%). Novembro marcou a substituição da bandeira tarifária vermelha patamar 2 pela amarela, com corte na taxa extra embutida nas contas de luz.

 

As famílias também gastaram menos com artigos de residência (-0,31%), vestuário (-0,12%), saúde (-0,06%), educação (-0,04%) e comunicação (-0,10%).

 

O chamado índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 62%, em outubro, para 58% em novembro. No caso dos itens alimentícios, o índice diminuiu de 67% para 65%; em não alimentícios, de 57% para 52%.

 

“A alta de preços foi observada numa menor quantidade de subitens. A inflação foi menos espalhada do que no mês anterior”, ressaltou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

 

Por outro lado, houve forte pressão sobre os preços dos alimentos, passagens aéreas, serviços turísticos e cigarro. A passagem aérea subiu 22,65%, liderando o ranking de pressões individuais sobre a inflação do mês. O cigarro ficou 14,91% mais caro em novembro, segundo maior impacto sobre o IPCA, em decorrência do aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

 

Já os alimentos para consumo no domicílio aumentaram 1,81% em novembro, terceiro mês seguido de avanços de preços. Com alta geral de 8,02%, carnes tiveram os maiores porcentuais; os principais reajustes ocorreram nos cortes alcatra (9,31%), chã de dentro (8,57%), contrafilé (7,83%) e costela (7,83%). Houve elevações também no óleo de soja (11,00%) e no café moído (2,33%). (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim)