Simefre avalia mercados de transporte comercial no Brasil

Frota & Cia 

 

Em levantamentos sobre os mercados de ônibus, implementos rodoviários e ferroviário, o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE) constatou o aquecimento destes setores no Brasil, demonstrando otimismo para 2025.

 

Ônibus

 

De acordo com o Simefre, o mercado de ônibus deverá fechar o ano com 20% de crescimento sobre a performance de 2023. “A base até outubro de 2024 foi de 19.486 unidades, contra 16.539 em 2023, ou seja, um aumento de 17,8%”, destaca Ruben Bisi, diretor da entidade. Em evento ocorrido na noite de 05 de dezembro, Walter Barbosa, vice-presidente de Vendas, Marketing, Peças e Serviços Ônibus na Mercedes-Benz, destacou que o setor poderá encerrar o ano com 21.000 unidades e possibilidade para atingir até 22.000 ônibus, o que representa um incremento de 3,5% sobre 2023. “Até o momento, já temos 20,1 mil emplacamentos“, complementa.

 

O que está difícil de “pegar no tranco” é o mercado da eletromobilidade, que, atualmente, conta com cerca de 600 unidades em circulação pelo país, incluindo 200 trólebus e 400 ônibus elétricos, dos quais 300 unidades estão em São Paulo. Se trata de um volume muito aquém das promessas de prefeituras e da ampla disponibilidade de modelos de marcas como Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Volksbus, Higer, BYD, Eletra e Ankai, por exemplo.

 

Bisi recorda que o setor registrou dois anos bem difíceis durante a pandemia, tanto para operadores, quando para produtores de carrocerias. “A frota envelheceu e a idade média subiu muito. Temos um potencial de recuperar as vendas e diminuir a idade média, mas as taxas de juros, preços dos insumos, preços dos combustíveis, diminuição do número de passageiros, estão retardando as compras”, analisa.

 

Segundo o Simefre, há ainda a expectativa de prorrogação do Edital do Caminho da Escola do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para o próximo ano, devido ao volume deste ano não ter sido conforme o esperado.

 

No turismo a tendência é o setor se manter aquecido pelo aumento da demanda do Turismo Interno. O executivo da Mercedes-Benz confirma esta tendência. “O fator cambial e o alto preço das passagens de avião deverá aumentar a demanda por viagens rodoviárias em todo o país, que se mostram opção segura, confortável e mais econômica aos passageiros”, analisa.

 

Implementos rodoviários

 

Em linha com a análise da Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários), divulgada nesta semana, o Simefre destaca que o mercado de implementos rodoviários apresentou cenário positivo ao longo de 2024, puxado pelo emplacamento de sobrechassis (linha leve). Reboques e Semirreboques (linha pesada) tiveram comportamento similar ao ano anterior.

 

Para Alexandre Dorival Gazzi, vice-presidente do Simefre, a “retração” do agronegócio e a espera por melhores condições comerciais na Fenatran, feira ocorrida em novembro, impediram que o setor alcançasse números maiores. “Mesmo assim, a expectativa para 2025 é de um mercado estável, com a continuidade da forte demanda gerada pelas cargas industrializadas e pela recuperação do agronegócio”, destaca.

 

De janeiro a outubro, foram emplacados mais de 133 mil produtos. O destaque foi o crescimento na linha pesada para os produtos destinados ao transporte de cargas industrializadas, “conteinerizadas” e líquidos, puxados pelo acelerado crescimento do transporte marítimo, pela exportação de carne e pelo crescimento do e-commerce.

 

Do total de produtos emplacados de janeiro a outubro, 58 mil foram carrocerias sobrechassi (linha leve) e 75 mil reboques e semirreboques (linha pesada). Em relação ao ano anterior, tais números representam crescimento de 15,9% e 0,4%, respectivamente

 

Setor ferroviário

 

Segundo Vicente Abate, diretor do Simefre, existe a necessidade de substituição da frota de vagões e locomotivas com mais de 50 anos de vida útil por produtos atuais, que proporcionarão economia de 58 milhões de toneladas de combustível/ano e redução da emissão de 150 mil toneladas de co2/ano, aumentando a produtividade das concessionárias ferroviárias de carga em pelo menos 30%, com maior segurança operacional.

 

Outro fator relevante é o pedido de elevação da alíquota de importação de todos os produtos ferroviários, dos atuais 11,2% para 35%, equiparando-a aos demais modos de transporte. O Simefre reforça seu apoio à política de estado do Ministério dos Transportes que projeta, por meio da INFRA S.A., o aumento da participação ferroviária na matriz de transporte de carga brasileira dos atuais 27,5% para 40%, até 2035.

 

Para Abate, a previsão é de 1.600 a 1.700 vagões de carga para 2025, em comparação ao realizado em 2024, de 1.547 unidades, incluídas exportações de 62 vagões para a África, nos dois períodos. Foram entregues 54 locomotivas em 2024 e estão previstas 75 unidades para 2025. O setor ferroviário de passageiros registrou produção 228 carros em 2024, enquanto a previsão para 2025 é de mais 188 unidades.

 

No âmbito Federal, o grande incentivo veio através da criação, no dia 19 de junho, da Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Indústria Ferroviária Brasileira, que permitirá que o setor tenha um apoio do legislativo na realização de leis e na atuação junto ao Governo Federal para que o setor metroferroviário seja considerado, não só estratégico para o Brasil, mas também no atendimento do bem-estar da população nas grandes cidades, segundo avaliação do Simefre.

 

“Dentre as medidas que estão permitindo a retomada do setor, destaque para as licitações para o Trem Intercidades (TIC – São Paulo/Campinas); a linha 7 do Metrô de São Paulo; a concessão do Metrô de Belo Horizonte; a resolução do impasse do VLT de Mato Grosso com a venda dos equipamentos para o VLT de Salvador e a sua consequente retomada, com a rescisão do Contrato do Monotrilho com o BYD; assim como pelo lançamento, pela Prefeitura de São Paulo, do primeiro projeto de VLT no centro da cidade”, detalha Massimo Giavina, 1º vice-presidente do Simefre.

 

O Simefre e a Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), junto com outras entidades de São Paulo, propuseram uma linha de VLT (Mandaqui/Barra Funda), o que certamente iria de encontro ao Programa de Mobilidade Urbana de Parceria e Investimento (PPI-SP), lançada pelo governo do Estado de São Paulo, avalia o executivo.

 

O programa prevê a realização de 11 projetos nos próximos cinco anos, com investimento estimados em R$ 215 bilhões. Vale lembrar que a demanda de passageiros pós-pandemia, em particular no Metrô de São Paulo, demonstrou a recuperação dos passageiros transportados. “Por outro lado, existe um grande déficit nos sistemas do Metrô e CPTM. Serão necessários elevados investimentos para a evolução dos mesmos”, compara Giavina.

 

De acordo com a entidade, a indústria brasileira possui instalações que permitem atender à fabricação de 1.200 carros e sistemas fixos, explica. As perspectivas para 2025 são bastante otimistas, com elevação dos faturamentos, graças ao PPI-SP e ao PAC do governo Federal e ao BNDES, que deu prioridade ao setor de VLT. O vice-presidente do Simefre diz que existem identificados 50 projetos para a mobilidade urbana. “Além disso teremos a extensão do VLT de Santos; VLT de Brasília – W3 e, no Paraná o trem vermelho e o VLT de São José dos Pinhais”, conta.

 

A projeção para os próximos 20 anos é de encomendas da ordem de R$ 70 bilhões, sendo R$ 23 bilhões oriundos de exportações. “Somente uma indústria está com encomendas no Brasil para as linhas 8, 9 e 6 para o Metrô de São Paulo e, no exterior, fornecimento para Taiwan e Bucareste. E ainda temos uma previsão de substituição do BRT no Rio de Janeiro por um modal com maior capacidade, como o VLT”, destaca Giovina. (Frota & Cia/Gustavo Queiroz)