O Estado de S. Paulo
As medianas do Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o relatório Focus, publicado ontem, indicam que a taxa Selic deve subir continuamente até maio de 2025, quando atingirá 13,25%. E permanecerá nesse nível até novembro, quando então deve cair a 13,0%, projetam os economistas.
Essa trajetória, com base em todas as projeções atualizadas nos últimos 30 dias, considera altas contínuas de 0,5 ponto porcentual na taxa básica (Selic) em dezembro, janeiro, março e maio. Com base nas estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, porém, o mercado já espera aceleração no ritmo de aperto a 0,75 ponto em dezembro, com a Selic subindo a 13,50% no fim do ciclo.
A avaliação de que o Banco Central terá de intensificar o ritmo do aperto monetário cresceu na semana passada, após a frustração com o pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governo. A mediana da última pesquisa Projeções Broadcast já indica um aumento de 0,75 ponto porcentual nos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 11 de dezembro.
Inflação
Mesmo antevendo uma trajetória de altas maiores dos juros, o mercado voltou a elevar suas projeções para a inflação. De acordo com o Focus desta semana, a estimativa para o IPCA acumulado em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026 – que é o horizonte relevante da política monetária – subiu de 3,97% para 4,02%, considerando as medianas trimestrais do sistema. Em sua última comunicação, o Copom esperava inflação de 3,6% nesse período.
Em evento da XP ontem em São Paulo, o diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que essa tendência das expectativas para a inflação
Diferença
Projeção do Focus para o IPCA deste ano subiu de 4,63% para 4,71%, acima do teto da meta, de 4,50% têm incomodado. Segundo ele, o BC tem monitorado com atenção o comportamento das expectativas de inflação, assim como do mercado de trabalho e dos núcleos do IPCA. “O tema das expectativas é um tema que a gente tem monitorado com bastante atenção pelo tamanho do incômodo que nos gera, a desancoragem (quando as expectativas não ficam em torno da meta), durante um ciclo de alta de juros”, disse Galípolo. “Esse é um processo de desancoragem que já está aí há algum tempo e que nos incomoda há bastante tempo.”
De acordo com o Focus, porém, o desafio de cumprir a nova meta contínua de inflação cresceu. A mediana para o IPCA deste ano subiu de 4,63% para 4,71%, acima do teto da meta, de 4,50%. E as medianas para o IPCA mensal sugerem que a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer acima do teto da meta, de 4,50%, nos primeiros nove meses do ano que vem.
Apesar disso, Galípolo disse que o BC tem instrumentos para cumprir a meta de inflação, de 3%, e classificou como um “não tema” a possibilidade de mudança da meta. (O Estado de S. Paulo/Célia Froufe e Cícero Cotrim)