O Estado de S. Paulo
A Petrobras anunciou ontem à noite, depois do fechamento do mercado, que vai pagar R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários a seus acionistas. Isso equivale a R$ 1,55 por ação ordinária e preferencial da companhia. A possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, após as decisões de investimentos previstas no novo plano estratégico da companhia, havia sido antecipada pelo Estadão/Broadcast em 8 de novembro.
Dona de 36,6% do capital da Petrobras – por meio do Tesouro Nacional, do BNDES e do seu braço de participações, o BNDESpar –, a União vai ficar com R$ 7,32 bilhões dos R$ 20 bilhões em proventos extraordinários anunciados ontem pela estatal. Com essa nova fatia, já chega a R$ 23,46 bilhões o total de proventos destinados pela estatal ao governo neste ano. A esse montante, a União poderá contabilizar ainda o pagamento de dividendos ordinários relativos ao quarto trimestre – que serão conhecidos só em fevereiro em 2025.
A Petrobras explicou ainda que, no caso dos detentores de ações negociadas na B3, o pagamento em parcela única será feito em 23 de dezembro. Já os acionistas que possuem ADRs (American Depositary Receipts, por meio dos quais as ações da empresa são negociadas na Bolsa americana) receberão o pagamento a partir de 3 de janeiro de 2025.
Para o cálculo dos dividendos, será considerada a posição acionária do dia 11 de dezembro, para os detentores de papéis negociadas na B3, e de 13 de dezembro para os ADRs negociados na New York Stock Exchange. As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 12 de dezembro de 2024.
Plano estratégico
Além dos dividendos, a Petrobras divulgou oficialmente o primeiro plano de negócios da gestão da presidente Magda Chambriard, que manteve o foco dos investimentos na exploração e produção de petróleo.
A cifra anunciada foi de US$ 111 bilhões para o período de 2025-2029, representando uma alta de 8,8% no valor a ser investido em relação ao plano anterior. Desse total, a área de Exploração e Produção de petróleo e gás natural segue com a maior fatia do total, US$ 77 bilhões, contra os US$ 73 bilhões previstos para os cinco anos terminados em 2028.
Somente para exploração, segmento fundamental para que a estatal encontre novas reservas e garanta a produção de 3,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), foram reservados US$ 7,9 bilhões, pouco acima dos US$ 7,5 bilhões anteriores. A Petrobras continua aguardando licença ambiental para explorar a bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.
Energia limpa
A petroleira também elevou os investimentos em descarbonização. Os recursos a serem destinados para esta área subiram para US$ 16,2 bilhões, ante os US$ 11,5 bilhões do plano anterior. “Com aumento dos investimentos em transição energética e a diversificação do portfólio, de forma responsável e rentável, a companhia está se preparando para as rotas dessa transição”, diz a empresa na nota.
Em seu novo planejamento, a Petrobras aumentou o seu limite de endividamento para um teto de US$ 75 bilhões (R$ 435 bilhões). No plano anterior, esse limite era de US$ 65 bilhões (R$ 377 bilhões).
A mudança, segundo a estatal, é “aderente à minimização do custo de capital, aos riscos do fluxo de caixa e a uma gestão eficiente de caixa e liquidez”.
A companhia reduziu o valor do caixa mínimo a ser mantido, de US$ 8 bilhões (R$ 46,4 bilhões) para US$ 6 bilhões (R$ 34,8 bilhões). (O Estado de S. Paulo/Gabriel Vasconcelos e Denise Luna)