O Estado de S. Paulo
Ministério da Fazenda elevou a estimativa do IPCA para este ano de 4,25% para 4,40% – só 0,10 ponto porcentual abaixo do teto da meta.
Em meio à piora das expectativas no mercado, o Ministério da Fazenda revisou sua projeção para a inflação em 2024 e em 2025. De acordo com a nova grade de parâmetros divulgada ontem pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para este ano passou de 4,25% para 4,40% – só 0,10 ponto porcentual abaixo do teto da meta. Para 2025, a projeção agora é de 3,6%, ante 3,40% pelo boletim anterior, que havia sido divulgado em setembro.
Também foi revisada a projeção para a variação do PIB no ano, de 3,2% para 3,3%. Segundo Raquel Nadal, subsecretária da pasta, neste caso a estimativa pode subir ainda mais: ela fala em “claro viés de alta” por conta de dados que ficaram disponíveis apenas após o órgão fechar a nova grade de parâmetros. Os números divulgados ontem pela Fazenda podem ser lidos como um termômetro da economia e servem como referência para a elaboração do Orçamento.
Apesar da mexida, a estimativa da Fazenda para o IPCA continua abaixo das projeções dos analistas, que argumentam que
Mercado projeta inflação de 4,64% no ano, acima da estimativa do Ministério da Fazenda
um mercado de trabalho ainda aquecido e a manutenção da atual política fiscal, de cunho expansionista, poderiam ampliar a disseminação de reajustes de preços na economia.
Pelo relatório Focus (uma compilação feita pelo Banco Central) também divulgado ontem, a mediana para o IPCA de 2024 subiu pela sétima semana seguida, de 4,62% para 4,64% – portanto, já acima da meta de 4,50%. Há um mês, a projeção era de 4,50%. Considerando apenas as 72 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, essa mediana avançou de 4,63% para 4,67%.
Na Fazenda, a expectativa é de que, a partir deste mês, a inflação anual comece a cair, por conta de fatores como a volta da bandeira tarifária verde para as contas de energia.
Ainda pelo Focus, a estimativa mediana para a taxa básica de juros no fim de 2025 subiu de 11,50% para 12%. Agora, ela está acima da estimativa intermediária para o fim de 2024, que se manteve em 11,75% pela sétima semana seguida. Isso sugere que, na visão dos analistas do mercado, o BC não terá espaço para cortar a Selic nos próximos meses.
Em reunião no começo do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,5 ponto, para 11,25%, e as previsões dos analistas são de nova alta em dezembro. O colegiado disse que os próximos ajustes “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”. Também cobrou compromisso do governo com a adoção de medidas de corte de gastos. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Trisotto e Amanda Pupo)