Transporte Moderno
A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) fechou o acumulado de janeiro a outubro de 2024 na liderança do mercado de caminhões, com 26.321 veículos emplacados, 19,31% superior às 22.054 unidades vendidas no mesmo período de 2023, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “O que tem garantido a liderança da Volkswagen no mercado é a consolidação de uma linha muito eficiente, econômica, de boa qualidade e que já se provou durante quatro décadas.”
Outro ponto a destacar é que a Volkswagen é uma marca muito forte e fazer parte do Grupo Traton nos dá músculo, tecnologia e troca de inteligência. Além disso, a empresa tem a melhor rede de caminhões e ônibus do Brasil. Essa combinação de fatores, dá uma receita de sucesso”, disse o presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, em entrevista exclusiva para a Transporte Moderno durante a 24ª Fenatran.
“A liderança e a participação de mercado é consequência de um bom trabalho, mas o principal objetivo é manter a saúde financeira da empresa para que tenhamos condições de continuar investindo em novos produtos e em novas tecnologias. Se aliados a isso os nossos clientes nos deixar na liderança melhor ainda”, acrescentou Cortes.
A Volkswagen não tem somente um modelo de veículo que sustenta a sua liderança no mercado de caminhões. “O crescimento da marca se dá em todas as linhas de produtos. No segmento de leves a linha Delivery tem praticamente metade do mercado, no de pesados o Constellation tem quase 40% e no segmento de extrapesados estamos bem supridos com linha Constellation e a Meteor, que são veículos robustos e vem crescendo nos últimos anos impulsionados pela agricultura,os segmentos de mineração e de construção pesada. A vantagem da Volkswagen é de cobrir todo o mercado”, disse Cortes e acrescentou: “O segmento de leves, médios, pesados e semipesados não mudou muito nos últimos anos, mas o extrapesado vem ganhando espaço relativo no mercado brasileiro.”
Mercado internacional
No mercado internacional a Volkswagen Caminhões e Ônibus também avança com seus caminhões e ônibus. De janeiro a outubro de 2024, a empresa exportou 6.631 veículos e os destaque dos caminhões foram os modelos 9.170; 11.180; 17.280. Entre os ônibus foram os modelos 14.190 e 10.160.
A empresa está presente em mais de 30 países com clientes em mercados da América do Sul, América Central, Caribe e África. Os mais recentes são Jordânia, Oriente Médio e o Suriname. Entre os países importadores dos veículos da marca estão a Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Peru, Chile, México, Panamá, Costa Rica e Angola.
A estratégia de internacionalização está indo bem, segundo Cortes. “Quando definimos esse programa ele consistia de três fases. A primeira fase é crescer onde estamos, a segunda fase é entrar em novos mercados, no norte da África, Oriente Médio e a terceira é ir para o sudeste da Ásia.”
Na Argentina o plano da empresa foi o lançamento, em maio deste ano, de uma linha de montagem e deu certo. “A Volkswagen tinha menos de 3% de participação de mercado nos últimos dois anos e atingimos 11%, quase que quadruplicamos a participação naquele país pelo fato de ter uma fábrica e ter previsibilidade de entrega. No México, onde a marca tem 5% de participação, estamos oferecendo serviços e produtos vocacionais. Estamos replicando a história de sucesso e crescendo onde a marca já está, pois é desta forma que temos mais chance de aumentar o volume em curto prazo”, explicou Cortes.
A maioria dos veículos são exportados diretamente da fábrica de Resende, no Rio de Janeiro. “No caso da Argentina, onde a Volkswagen tem uma linha de montagem, as peças saem de Resende e vamos nacionalizando à medida que economicamente faça sentido”, esclareceu Cortes.
Eletrificação
Sobre a eletrificação no setor de transportes, Cortes comentou que se analisar tecnicamente, o veículo elétrico é a melhor solução porque desde a geração até a utilização é a que tem mais eficiência quando comparado com o hidrogênio ou outra tecnologia. “Mas para o Brasil, que tem disponibilidade agrícola, terras de biomassa, a gente vê outras aplicações, como o gás biometano que não requer alteração de infraestrutura, como é o caso do elétrico. A Volkswagen tem a solução do híbrido, que continua rodando a diesel, mas tem o eixo elétrico e principalmente o HVO, que é o diesel verde e não precisa de infraestrutura porque usa a mesma do diesel.”
Cortes salientou que o caminhão evoluiu muito. Tem tecnologia, digitalização, gerenciamento de frota e a Volkswagen tem a RIO que oferece informação ao vivo e tem programa que indica qual a melhor aplicação para maior economia. “O caminhão do futuro vai ser 100% conectado, elétrico e com biocombustível e um dia vai ser autônomo, mas isso ainda vai demorar algumas décadas ou década.”
Fenatran
Cortes considerou a Fenatran a maior e a melhor feira de transportes da história da Volkswagen, tanto em tamanho quanto em quantidade de negócios e de novidades, principalmente da marca Volkswagen. “Tivemos a maior estande da feira, a maior linha de produtos, com caminhão de 3,5 toneladas até fora de estrada de 125 toneladas e uma quantidade maior de novidades.”
Ele destacou que a Volkswagen mostrou nesta feira a segunda geração de veículos elétricos da linha eDelivery, novo conceito do Constellation com biometano e apresentou também o caminhão-conceito, o primeiro de longa distância híbrido, com motor diesel e com eixo elétrico, que quando acionado, faz com que o caminhão ganhe torque e tenha economia de combustível, além do ambiente ecológico melhor. “Eu diria, sem falsa modéstia, que foi a Fenatran da Volkswagen Caminhões e Ônibus.”
Otimismo para o mercado brasileiro
O presidente da Volkswagen lembrou que na última Fenatran em 2022 a expectativa para o mercado de caminhões não era tão favorável por causa da mudança da lei de emissão e a perspectiva era de vendas menores em 2023. “Agora estamos otimistas em relação a 2025 e esperamos que o crescimento continue, que tenhamos algum programa do governo para estimular a renovação da frota, que se mantenha a tendência de redução da taxa de juros e que a estabilidade política continue aumentando a propensão dos empresários de voltar a investir.”
Cortes reafirmou que estamos entrando em 2025 com uma crença que será outro ano bom, como está sendo 2024. “Tivemos vários pedidos na Fenatran e, depois da parada do fim ano, a Volkswagen vai iniciar o ano com a produção encomendada e isso nos dá um alento e, para os clientes que ainda precisam de caminhão temos espaço para a produção.”
Sobre a elevação da Selic (taxa de juros básica da economia) de 10,75% para 11,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) Cortes comentou que juros altos inibem os investimentos. “Entendemos que esta necessidade de aumento se justifica para o controle da inflação, mas esperamos que essa tendência de elevação da taxa de juros se reverta e passamos a ter uma redução nas próximas divulgações do Copom e em 2025 retorne à tendência de queda.”
O presidente da Volkswagen mantém a mesma perspectiva da Anfavea para o mercado de caminhões, com crescimento oscilando de 12% a 13% em 2024, mas lembrou que é em cima de um mercado deprimido que foi 2023 por causa da introdução da tecnologia Euro 6. “Para 2025 ainda estamos calculando, mas costumo dizer que o que move o mercado de caminhão é o PIB e começamos este ano com boa expectativa para o PIB, falávamos em alta de 1,5% e vai fechar 2024 acima de 3% e isso faz com que haja mais motivação porque temos produto para transportar e sabemos que o Brasil depende do transporte de carga na sua grande maioria, e a mesma coisa com o transporte de pessoas em ônibus.”
Cortes comentou que tem percebido um ânimo maior dos clientes para renovar as suas frotas de caminhões. “Esse aumento ocorre devido ao do aquecimento do mercado, a retomada da economia, depois de todos os problemas que enfrentamos desde a crise da Covid e a introdução das leis de emissões, agora o ritmo está normalizado e com tendência de crescimento”. (Transporte Moderno/Sonia Moraes)