Pela sexta semana seguida, mercado vê inflação mais alta

Estado de S. Paulo

 

Pela sexta semana seguida, os analistas do mercado financeiro elevaram as projeções para a inflação deste ano. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado ontem, a previsão para o IPCA passou de 4,59% para 4,62%, mantendo-se acima do teto da meta de inflação, de 4,5%. Há um mês, a projeção era de 4,39%.

 

Se confirmada essa expectativa, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai terminar seu mandato à frente do órgão tendo de redigir a terceira carta aberta para explicar as razões do descumprimento da meta. No início de 2025, Campos Neto será substituído na presidência do BC pelo atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

A mediana para a inflação de 2025 subiu de 4,03% para 4,10%, mais próxima do teto, de 4,5%, do que do centro da meta, de 3%. A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.

 

A mediana para a inflação de 2026 também voltou a se distanciar da meta, passando de 3,61% para 3,65%, na segunda semana consecutiva de elevação. Para 2027, permaneceu em 3,5%.

 

Juros

 

A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 se manteve em 11,75% pela sexta semana consecutiva. Esse movimento consolida a avaliação do mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará os juros em 0,5 ponto porcentual na última reunião do ano, no dia 11 de dezembro. Na semana passada, o colegiado elevou a taxa básica de juros para 11,25%, uma alta de 0,5 ponto porcentual.

 

As medianas para a Selic em prazos mais longos tiveram comportamento diverso, indicando que o BC terá um espaço limitado para cortar juros nos próximos anos, em meio à desancoragem das expectativas de inflação, atividade forte e disparada do dólar. A mediana para 2025 se manteve em 11,5%. A estimativa intermediária para a Selic no fim de 2026 passou de 9,75% para 10%. (Estado de S. Paulo/Fernanda Trisotto)