Brasil pode levar duas décadas para retomar volume recorde de vendas de veículos de 2012

Mecânica Online

 

Brasil caiu de quarto para décimo maior mercado automotivo global e enfrenta recuperação desafiadora. Avanço nos  veículos híbridos e elétricos aponta para transformações no mercado.

 

Introdução

 

O mercado brasileiro de veículos ainda se recupera de uma série de quedas que o levaram de quarto a décimo maior do mundo na última década. De acordo com um estudo da Bright Consulting, o Brasil só deverá atingir novamente o volume de vendas recorde de 2012 (3,8 milhões de unidades) em 2032, duas décadas depois. A pesquisa destaca que o crescimento do mercado automotivo no país depende principalmente do aumento de renda da população e do crescimento econômico, fatores diretamente impactados por políticas econômicas e pela alta taxa de juros.

 

Segundo o presidente da Bright Consulting, Paulo Cardamone, o Brasil deve fechar o ano de 2024 com 2,46 milhões de veículos vendidos, número ainda distante do pico alcançado em 2012. Ele ressalta que a volta ao patamar de vendas de 2012 também depende de uma série de transformações no mercado automotivo, que hoje vê o crescimento da demanda por veículos híbridos e elétricos, além de uma maior presença de vendas corporativas.

 

Crescimento na Adesão a Veículos Sustentáveis

 

A Bright Consulting projeta que, até 2030, 72% das vendas automotivas no Brasil sejam de modelos híbridos ou elétricos, enquanto os veículos movidos exclusivamente a combustão representariam apenas 28% do mercado. Esta previsão se alinha com as expectativas de outras fabricantes que operam no Brasil, como a Toyota e a Fiat, que têm apostado no lançamento de híbridos e estudam novas soluções sustentáveis. A Fiat, por exemplo, anunciou para breve o lançamento de seus SUVs Pulse e Fastback, modelos híbridos básicos produzidos no Brasil com tecnologia Bio-Hybrid e que terão maior eficiência no consumo.

 

Toyota: Estratégia de Híbridos e Sustentabilidade

 

A Toyota, uma das maiores fabricantes de veículos do mundo, continua apostando em híbridos como alternativa para a transição gradual à eletrificação. Gill Pratt, cientista-chefe da marca, destacou recentemente a importância de manter alternativas como os combustíveis sintéticos e os biocombustíveis. A estratégia da Toyota se mostra particularmente sólida para o mercado brasileiro, onde a infraestrutura de carregamento ainda é insuficiente: há apenas um carregador para cada 17 carros elétricos, sendo menos de 10% deles rápidos, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

 

A presença de Rafael Chang, CEO da Toyota para América Latina e Caribe, no Congresso SAE 2024 reforça o compromisso da marca em promover a mobilidade sustentável no Brasil e contribuir com soluções inovadoras para redução de emissões. Chang foi convidado para presidir o evento no próximo ano, com o objetivo de fomentar o debate sobre tecnologias acessíveis e alinhadas com as necessidades de sustentabilidade globais.

 

Transformação no Mercado Automotivo e Adesão aos SUVs

 

Além dos avanços nos híbridos e elétricos, o mercado brasileiro também mostra interesse crescente nos SUVs modernos, com mais conectividade e designs inovadores, como demonstrado pelos recentes lançamentos da Peugeot e da Kia. O Peugeot 2008 GT, por exemplo, traz um estilo mais refinado e motor turbo flex 1.0L, aliado a tecnologias de segurança e conectividade. No segmento de elétricos, a Kia lançou o EV-5,  SUV com alcance de até 402 km, funcionalidades modernas e design avançado, embora o preço de R$ 399.990 ainda restrinja seu acesso a uma fatia menor do mercado.

 

Conclusão

 

Para o Brasil, o futuro do mercado automotivo envolve não só a recuperação dos níveis de vendas de 2012, mas também uma adaptação acelerada às tecnologias híbridas e elétricas que estão ganhando terreno mundialmente. Em um cenário de transição sustentável e busca por veículos de baixo consumo e emissão, o país ainda precisa superar os desafios de infraestrutura e estabelecer um crescimento econômico que favoreça o consumo e acelere a modernização da frota. (Mecânica Online)