Jornal do Carro
Foi em outubro de 2009 que o Fiat 500 chegou ao Brasil. Aliás, no começo, a própria fabricante induziu o público a chamar o compacto premium de Cinquecento (500, em italiano). Entretanto, por causa da dificuldade da pronúncia pela maioria dos brasileiros, a montadora voltou atrás e readequou o material de divulgação, chamando-o de 500 (Quinhentos). Agora, 15 anos depois, o modelo só existe em versão elétrica (500e) no País e, inclusive, voltou a ser notícia nas últimas semanas.
Em síntese, ao contrário do modelo de 2008, o atual (lançado em 2020 e importado ao Brasil a partir de 2021) vende pouco e não caiu nas graças do público. Culpa, em partes, da baixíssima autonomia e do preço salgado, hoje, tabelado em R$ 214.990. Por isso, a empresa decidiu pausar a produção do 500e na linha de Mirafiori, em Turim (Itália) e vai tornar o modelo híbrido. Assim, por meio da engenharia reversa, receberá um pequeno motor a gasolina. Chamado de 500 Ibrida, deve ficar pronto no final de 2025 e chegar às lojas em 2026.
História de sucesso
Design retrô, vasta lista de equipamentos, tecnologia de ponta e proposta diferenciada em um mercado bastante conservador, o Fiat 500 (revelado no Salão de Genebra de 2007) desembarcou no Brasil, há 15 anos, quebrando paradigmas. A princípio, chegou a ser considerado um carro feminino por alguns desavisados e ignorantes. Entretanto, provou por si só que porte compacto e linhas arredondadas não se limitavam a um estereótipo e, desse modo, conquistou os mais diversos públicos, independentemente de sexo ou classe social. É tanto que, visualmente, envelheceu super bem e até hoje é admirado e cultuado.
À época, o modelo dotado de estilo bebeu na fonte do Nuova 500 (vendido na Itália de 1957 a 1975) e, com isso, soube misturar o moderno e o retrô como poucos carros até hoje. Com a ideia de atrair um público urbano e sofisticado, tinha pacote de equipamentos completo para a época. Para se ter ideia, foi o primeiro do mercado nacional a contar com sete airbags de série e controle eletrônico de estabilidade. Além disso, foi o primeiro Fiat com assistência de partida em rampas.
“O Fiat 500 é muito mais do que um carro no nosso lineup, ele é um ícone atemporal que traduz o DNA da Fiat. Ao longo de sua trajetória, o 500 trouxe inovação, estilo e, agora com a versão elétrica, sustentabilidade. Ter um modelo como esse reforça nosso compromisso em oferecer soluções que combinam tecnologia de ponta com o charme e a tradição que o consumidor espera da nossa marca”, argumenta Alexandre Aquino, vice-presidente da Fiat para a América do Sul.
Mudanças no Brasil
A princípio, o modelo vinha importado da Polônia. Na mecânica, motor 1.4 16V, somente a gasolina, com 100 cv e opções de câmbio manual de 6 marchas ou automatizado (Dualogic), com cinco posições. Mas o sucesso, mesmo, veio com o modelo produzido em Toluca, no México, que chegou ao País em agosto de 2011 (linha 2012). Visualmente, as mudanças foram poucas – como abrigo da placa traseira maior, suspensões mais elevadas e outros pormenores -, mas a redução de preços por conta da importação mais barata – há um acordo comercial entre Brasil e México -, foi a cartada de mestre da Fiat.
À época, o modelo ficou cerca de R$ 20 mil mais barato, o que atraiu uma legião de compradores. De quebra, era o mais atraente entre os compactos premium da época. Faziam parte do elenco: Mini Cooper, Volkswagen New Beetle e Smart Fortwo.
E as novidades do Cinquecento mexicano não pararam por aí. O modelo adotou, ainda, o motor 1.4 Fire Evo Flex de 88 cv. O mesmo de Uno e Fiorino, por exemplo. O que tornou sua manutenção mais barata. Também ganhou o novo câmbio, com cinco marchas na opção manual. Apesar de o automatizado Dualogic continuar em cena, a Fiat teve a boa sacada de trazer o automático de seis posições nos modelos de topo, com propulsor 1.4 MultiAir, de 105 cv.
Descapotável
Nesse meio-tempo, o modelo contou com séries especiais e a estreia do 500 Cabrio. Este último, na realidade, contava com uma capota de lona que corria sobre trilhos. Portanto, não chegava a ser um conversível em si. Mais parecia um teto gigante, afinal, as colunas continuavam em cena. Sua estreia aconteceu no Salão do Automóvel de São Paulo de 2012 e, entre as ações de marketing, a marca fez propaganda em massa no reality show apresentado pela TV Globo, “Big Brother Brasil 13” (em 2013). Parece ter dado certo, afinal, o modelo é lembrado e querido até hoje.
Sem qualquer mudança, o Cinquecento (ou 500) se despediu do mercado brasileiro em 2019 para dois anos depois, dar lugar ao 500e. Na Europa, saiu de cena recentemente, mas continuará à venda na África e Oriente Médio. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)