O Estado de S. Paulo
Os analistas de mercado voltaram a elevar as projeções de alta da taxa Selic. Relatório Focus divulgado ontem aponta que a mediana para a taxa básica de juros do País no fim deste ano subiu de 11,50% para 11,75%, sugerindo que o setor financeiro agora trabalha com a perspectiva de um aperto maior no atual ciclo monetário – com duas novas altas de 0,50 ponto porcentual nas duas próximas reuniões do colegiado até dezembro. A estimativa intermediária para a taxa no fim de 2025 também avançou, passando de 10,50% para 10,75% ao ano.
Em sua última reunião, em meados de setembro, o Copom retomou o ciclo de altas da Selic, elevando a taxa básica de 10,5% para 10,75%. Foi o primeiro aumento de juros desde agosto de 2022. Assim, as projeções agora apontam para uma aceleração nos ajustes para cima da taxa de referência.
Inflação
Depois de dez semanas seguidas de altas, a mediana das projeções do mercado para o IPCA deste ano permaneceu em 4,37%, ainda próxima do teto da meta, que é de 4,50%. Há um mês, as expectativas para a inflação oficial estavam em 4,26%.
A mediana das projeções para o IPCA de 2025 também ficou inalterada nesta semana, em 3,97% – era de 3,92% há um mês.
Para horizontes mais longos, as projeções do mercado também se mantiveram descoladas do centro da meta, que é de 3%. Para o fim de 2026, oscilou de 3,62% para 3,60%, após 16 semanas de estabilidade. Para 2027, seguiu em 3,50% pela 65.ª semana consecutiva.
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o primeiro trimestre de 2026 como seu horizonte relevante e espera que a inflação atinja 3,5% no período, considerando o cenário de referência, com a trajetória de Selic embutida no Focus e dólar a R$ 5,60. Também em seu cenário de referência, o BC espera que o IPCA termine 2024 em 4,30%, desacelerando a 3,70% no próximo ano.
PIB. O mercado manteve a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 em 3%, depois de um período de seis semanas de revisões para cima. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, divulgado na semana passada, o BC havia aumentado a sua projeção para a expansão do PIB deste ano de 2,3% para 3,2%.
A mediana do relatório Focus para o crescimento da economia brasileira em 2025, por sua vez, passou de 1,90% para 1,92% – quatro semanas atrás estava em 1,85%. Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento do País em 2026 e 2027 – ambas permaneceram em 2,0%, onde se situam há 60 e 62 semanas, respectivamente.
As projeções para o dólar mantiveram-se inalteradas na edição de ontem do Focus, com a moeda cotada a R$ 5,40 no fim do ano. (O Estado de S. Paulo/Célia Froufe)