Marx Ivanovik, da Scania, define a IAA 2024 como “pé no chão”

Frota & Cia 

 

Apesar da grande capacidade de desenvolvimento de tecnologias que a indústria tem mostrado nos últimos anos, a IAA 2024, que acontece até o dia 22 na Alemanha, mostrou que o mercado ainda não soltou o pé do freio em relação à transição energética total no setor de pesados. Apesar de muitos lançamentos elétricos, como os dois que a Scania exibiu em seu estande, as montadoras transpareceram uma visão de futuro mais eclético. Se na edição de 2022 quase ninguém tinha levado soluções à diesel, agora todas as montadoras exibiram pelo menos uma.

 

Ivanovik MarxIvanovik Marx da Scania, gerente de Engenharia da Scania Brasil, analisou que foi uma edição da IAA bem mais “pé no chão”. Mesmo na Europa, ainda existe uma questão de infraestrutura para os elétricos, bem como a questão de escala de produção, fator preponderante para o barateamento da produção.

 

“Todo mundo apresentou, além dos veículos elétricos, também os modelos a gás. Tivemos exibições de veículos a hidrogênio, mas ainda são todos protótipos. De um modo geral, ninguém quer ficar pra trás, então estão apostando em várias frentes. As montadoras têm visto que o futuro é cada vez mais eclético. Soluções para se adequar melhor ao seu cliente. Diesel, elétrico, gás. Acredito que, na FENATRAN, todo mundo vai nessa linha mais eclética.”

 

Densidade das baterias

 

Outro ponto importante que corrobora para essa realidade vista por lá são as baterias. Ivanovik acredita que ainda não temos densidade energética de bateria suficiente para longas distâncias.

 

“O mundo não tem solução de bateria pra mais de mil, 1500 kms. A maior densidade apresentada foi a da CATL, que dá mais de 200kw, mas ainda não tá pronta pra uso em caminhões, por exemplo. Nas minhas contas, é preciso ter uma densidade 5x maior pra ter uma capacidade perto da eficiência do diesel. Vamos precisar de novos materiais de baterias para cumprir uma tarefa que um caminhão cumpre de longa distância.”

 

Sobrevida dos motores a combustão

 

Pensando nesse futuro eclético e com soluções personalizadas a depender do tipo de operação, a Scania sentiu que sua escolha e estratégia foi acertada, principalmente pelo gás. Ivanovik, aliás, comenta a percepção que teve dos clientes com quem conversou por lá.

 

“Eles viram que o elétrico ainda está muito longe da realidade deles e da realidade do Brasil. O gás foi uma escolha bem mais acertada, mais palpável. Hoje em dia, a diferença do gás a diesel está em 10%. Além disso, a taxa do financiamento do veículo a gas é mais baixo. Eu diria que o TCO já fecha pro lado do gás. Porém, tem uma peça importante que é o quanto o cliente vai pagar no gás ou diesel.

 

Falando de elétrico, todos tem interesse, mas só em um ou dois produtos. Ninguém cogita mesclar ou virar a frota. Pode ser que tenha uma demanda alta quando houve lançamento, mas de clientes querendo um veículo apenas.”

 

Ele finaliza afirmando a força do Brasil no diesel, mesmo em comparação ao que viu na Alemanha. “No diesel, ficou claro que o Brasil roda com o mesmo nível de tecnologia que a Europa. Estamos utilizando os caminhões com a maior tecnologia que a Scania tem disponível no Brasil”. (Frota & Cia/Victor Fagarassi)