O Estado de S. Paulo/Mobilidade
Com números grandiosos, a 24ª edição da Fenatran reforça o objetivo de oferecer experiências inovadoras e oportunidades de negócios, além de conteúdo qualificado tanto em sua plataforma digital como durante o evento presencial. Claudio Della Nina, diretor-geral da RX para a América Latina, responsável pela feira (que ocorrerá entre 4 e 8 de novembro, no São Paulo Expo), explica a importância do encontro para mapear tendências e liderar discussões do setor.
O que se pode esperar em relação à edição passada? Além de tradicionalmente grandiosa, será a maior Fenatran da história: pela primeira vez, ocupará os oito pavilhões do São Paulo Expo, o maior centro de eventos do País, com mais de 100 mil m2 para expor as atrações de mais de 600 marcas — um avanço de 20% em relação à edição passada, sendo 74 estreantes. Aliás, desde o fim da pandemia, há uma demanda muito grande de empresas interessadas em fazer parte deste evento.
Devemos superar os 66 mil visitantes, número bastante expressivo, mas que se torna ainda mais relevante por ser uma audiência qualificada, B2B, impactando positivamente nos negócios durante e depois do evento que chegam a atender a um ano da produção de toda a cadeia do transporte. E não só de caminhões, mas de implementos rodoviários, softwares, logística e intralogística, essa última representada pela Movimat, evento paralelo dentro da própria Fenatran.
Além de grandes lançamentos, novas tecnologias e soluções, que temas movimentarão essa edição? Muito além dos negócios, devemos trazer para esses dias debates e temas muito relevantes para o setor, entre eles a participação feminina no segmento, as políticas ESG, eletrificação de frotas e outros. A programação completa está no link fenatran.com.br/pt-br/ conteudo.html.
Como essas discussões influenciam o setor?
A Fenatran está sempre se adaptando às demandas do mercado, monitorando, de maneira muito ágil, assuntos que são decorrência natural de todas as transformações e para aprimorar ainda mais o alto nível de satisfação do evento. A presença feminina no setor de transporte de carga, embora ainda pequena, vem evoluindo porque existe uma falta de mão de obra qualificada e elas se destacam nesse aspecto.
Uma pesquisa anual do Sest/Senat, que avalia as políticas e ações das empresas para garantir oportunidades iguais para homens e mulheres, apontou que, em 2023, a nota geral de um total de 100 foi 37 e, este ano, subiu para 40. Apesar do avanço tímido, notamos que existem muitas oportunidades de desenvolvimento para mulheres, sendo uma pauta relevante ainda por alguns anos.
Como a Fenatran contribui para a evolução desses movimentos?
É um orgulho liderar tais iniciativas relevantes que devem se intensificar nos próximos anos, sobretudo porque temos um compromisso global Carbon Zero até 2030. No caso da ESG, ainda há muitas empresas em fase inicial (45%), conforme pesquisa da Amcham, adotando essas estratégias.
Portanto, cabe a nós conduzir essa discussão e tornar os nossos eventos cada vez mais sustentáveis, mostrando para nossos expositores que estamos juntos nessa jornada. Além disso, são temas que influenciam tendências, lideranças e na condução de negócios.
Quais os desafios de um evento desse porte?
O principal deles, creio, é manter a relevância dos encontros presenciais a longo prazo depois de várias transformações, entre elas o pós-pandemia, e a convivência entre várias gerações em um mesmo ambiente profissional — inclusive a que nasceu nos anos 2000, totalmente digitais.
Por isso, trazemos experiências que não podem ser replicadas nem supridas pelo mundo virtual. Entre eles, os mais de 2.500 testes previstos, nos quais os visitante terão a oportunidade de dirigir os modelos disponíveis, interagir face to face com as marcas, fazer comparações in loco. São essas experiências integradas que devem garantir essa presença massiva em todas as edições.
Como as novas tecnologias apresentadas devem impactar o setor daqui a alguns anos?
A inteligência artificial deve ajudar na questão de transição energética, especialmente no momento em que a energia renovável tiver um custo abaixo do combustível fóssil, trazendo uma mudança radical. Temos uma matriz de transporte que ainda depende fundamentalmente do petróleo e, nesse segmento, é provável que o País tenha soluções bastante variadas, considerando a dimensão continental e as diferenças regionais, que vão do hidrogênio, etanol à eletricidade.
É possível adiantar alguns destaques desta edição?
Além de um conjunto de grandes fornecedores e todas as grandes marcas de caminhões do País, teremos soluções para descarbonização, eletrificação de frotas, combustíveis renováveis
e várias novidades relacionadas à modernização e gestão de frotas, extremamente relevantes quando se fala sobre transição energética. Além do aspecto ambiental global, da descarbonização e da eletrificação, são tecnologias que ajudarão a extrair melhores resultados, reduzindo o consumo de combustível.
O mais importante para o visitante altamente qualificado, porém, é encontrar à disposição e em um só lugar toda a cadeia com um mix bastante variado de produtos, serviços e soluções, inclusive em relação à logística e intralogística, que mudaram bastante nos últimos anos com a pandemia.
Um exemplo foi o preço dos contêineres, que aumentou muito em algumas regiões, fazendo com que as empresas reavaliassem riscos e a possibilidade de uma produção mais próxima de casa, o que abre muitas oportunidades na América Latina, Brasil e México. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Patrícia Rodrigues)