Mover incentivará Volkswagen a desenvolver caminhões e ônibus com maior eficiência energética

Transporte Moderno

 

A Volkswagen Caminhões e Ônibus, que também está habilitada no programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), considera que a nova política industrial dará continuidade ao Rota 2030 de forma aperfeiçoada, incentivando investimentos em pesquisa e desenvolvimento e estabelecendo metas de eficiência energética, reciclabilidade e segurança.

 

Para que as empresas invistam em descarbonização e se enquadrem nos requisitos obrigatórios do programa haverá um incentivo de R$ 3,5 bilhões em 2024, de R$ 3,8 bilhões em 2025, de R$ 3,9 bilhões em 2026, de R$ 4 bilhões em 2027 e de R$ 4,1 bilhões em 2028, que serão convertidos em créditos financeiros, totalizando R$ 19,3 bilhões em créditos concedidos à indústria automotiva e de autopeças. No Rota 2030, o incentivo médio anual até 2022 foi de R$ 1,7 bilhão.

 

“O Mover define requisitos para habilitação e concessão de créditos relacionados aos dispêndios em P&D, levando em conta fatores como o nível de maturidade tecnológica da manufatura e indicadores de atividades fabris, fomentando, dessa forma, a nacionalização de componentes como política industrial”, explica Felipe Nogueira, diretor de planejamento de produto, estratégia corporativa & digitalização da Volkswagen Caminhões e Ônibus, em entrevista exclusiva para o portal Transporte Moderno.

 

“Os veículos produzidos pela VWCO já têm alto índice de componentes locais, fruto da estratégia de parcerias com a cadeia de fornecimento que é a base do Consórcio Modular. Entendemos, portanto, que o incentivo a aplicação de componentes nacionais é um importante requisito para enfrentamento dos desafios da descarbonização”, afirma Nogueira.

 

“Para a Volkswagen Caminhões e Ônibus, a transformação se dará por meio da expansão do portfólio de produtos da linha e-Delivery e e-Volksbus, tanto no Brasil quanto nos países vizinhos, bem como por melhorias na eficiência de motores diesel a cada novo lançamento. Soma-se a isso o desenvolvimento de caminhões e ônibus mais leves e resistentes, com mais eficiência energética e aerodinâmica. Todo desenvolvimento será alavancado por significativos investimentos, fomentados pelos incentivos do programa Mover.”

 

Até 2025 a Volkswagen concluirá o seu ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões, que começou a ser aplicado em 2021, para a evolução dos seus produtos e serviços, o desenvolvimento de novas tecnologias para uma mobilidade mais sustentável, como a propulsão elétrica, por meio da expansão do seu portfólio de produtos da linha e- Delivery e o e-Volksbus, além da melhoria da eficiência energética com redução de CO2.

 

Vantagem do Brasil na redução de poluentes

 

Nogueira afirma que na ótica de redução de gases do efeito estufa, o Brasil possui vantagem significativa quando comparado a outros países em relação a composição de sua matriz energética, que é majoritariamente limpa, proveniente em sua maioria de energia hidroelétrica, que abastece grande parte do parque fabril brasileiro e, por consequência, proporciona a manufatura de componentes utilizando energia limpa e com menor pegada de carbono.

 

“A Volkswagen Caminhões e Ônibus acredita no desenvolvimento sustentável do setor de transporte de cargas e de passageiros e vem desenvolvendo iniciativas pioneiras em campos como descarbonização, mobilidade elétrica, economia circular e gestão da cadeia de fornecedores. Prova disso é o lançamento do e-Delivery, primeiro caminhão 100% elétrico desenvolvido, testado e produzido no Brasil, bem como o e-Volksbus em fase final de desenvolvimento.”

 

Neste momento de transição energética a eletrificação do mercado de caminhões e ônibus passa por um conjunto de fatores que precisam evoluir para a adoção da tecnologia pelo cliente, segundo Nogueira.

 

“Sem dúvida, a viabilidade técnica do veículo é mandatória, porém, vemos a disponibilidade de infraestrutura elétrica, as soluções de carregamento e gestão de carga, as soluções de energia limpa e também a oferta de opções vantajosas para financiamento do veículo como pontos que impactam na taxa de adoção da eletrificação”, destaca o diretor. “Pensando nisso, a Volkswagen Caminhões e Ônibus criou o e-Consórcio, que une um conjunto de parceiros capacitados visando à promoção de soluções de mobilidade elétrica e a viabilização da produção dos caminhões elétricos e-Delivery, incluindo a oferta conjunta de toda a estrutura necessária ao cliente para início da operação, desde parceiros de energia solar limpa e sustentável até a reciclagem da bateria no fim de sua vida útil.”

 

Nogueira ressalta que a indústria automobilística passa por um momento de transformação e acredita que a mudança da sociedade irá alterar todo o segmento. “A Volkswagen Caminhões e Ônibus se posiciona como pioneira nesse processo e investimos fortemente em desenvolvimento de tecnologia limpa e sustentável para nossos produtos e serviços, buscando reduzir nossa pegada de carbono e também emissão de poluentes. Neste contexto, o principal desafio é o balanço na transição do mercado que conhecemos hoje, para o mercado que acreditamos no futuro.”

 

O diretor destaca ainda que “a frota vigente do Brasil, majoritariamente movida a diesel, os desafios a eletrificação e a vocação do agronegócio do Brasil, grande produtor de etanol, biodiesel e biometano, impõem a manutenção e desenvolvimento de diversas rotas tecnológicas para propulsão dos nossos veículos e, como consequência, um alto nível de investimento para toda a indústria.”

 

Na avaliação de Nogueira a dinâmica do segmento de caminhões e ônibus é dependente de dois principais fatores: regulação e custo total de operação (TCO). “Em relação ao primeiro item, sem que haja uma regulamentação que imponha ou incentive o uso de novas tecnologias, sua adoção dificilmente será feita em larga escala e é por isso que políticas públicas são extremamente importantes para essa transição, como o programa Mover. Os mercados como Estados Unidos, Europa e China contam com políticas e incentivos para promoção do uso dessa tecnologia, e isso é algo que ainda não é tão abrangente no Brasil”, compara.

 

“Em relação ao TCO, o cliente leva em consideração a solução que irá proporcionar o menor custo no ciclo de operação e no momento em que uma nova tecnologia se mostra competitiva frente a tradicional combustão interna à diesel, a transição se torna acelerada. No caso dos elétricos, estamos próximos a essa paridade de TCO para segmentos como distribuição urbana e ônibus urbano, e nas cidades há uma maior concentração de carregadores e infraestrutura disponível, facilitando a adoção”, explica o diretor.

 

“Em outros segmentos, enquanto isso não acontece, em termos de TCO e estrutura, deveremos conviver com diversas rotas tecnológicas em diferentes segmentos e aplicações. Como exemplos, acreditamos que o setor de entregas urbanas será elétrico, enquanto aplicações de nicho, como coletor de lixo, no longo prazo, conviverão com mais de uma tecnologia (gás e elétrico) e estradeiros de longa distância devem conviver com até mais de duas tecnologias (elétrico, HVO e hidrogênio)”. (Transporte Moderno/Sonia Moraes)