De novo, GM demite em São José dos Campos por telegrama

AutoIndústria

 

Nem mesmo o mercado interno de automóveis e comerciais leves crescendo 17,5% no primeiro quadrimestre tem trazido ares mais leves para a General Motors e seus funcionários. Prova disso é que na noite da quinta-feira, 2, a montadora despachou telegramas com aviso de demissões para trabalhadores da fábrica de São José dos Campos, SP.

 

A GM não informou o número de cortes, mas o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região calcula que perto de 50 funcionários que estavam em licença remunerada receberam o comunicado.

 

Em outubro do ano passado a empresa já havia feito demissões via telegrama e teve de suspendê-las a partir de decisão judicial, abrindo na sequência um PDV, Programa de Demissão Voluntária.

 

Procurada por AutoIndústria, a montadora limitou-se a dizer que “os desligamentos fazem parte do processo de adequação do quadro de empregados anunciado em outubro de 2023, e firmado em acordo coletivo”.

 

Acrescentou que “o tema foi amplamente discutido, inclusive com a oferta de um plano de demissão voluntária” e que a medida “permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”.

 

O sindicato, contudo, lembra que os telegramas foram enviados um dia antes do fim do período de estabilidade no emprego, previsto no acordo assinado pela GM e aprovado em assembleia dos metalúrgicos em novembro de 2023, após 17 dias de greve contra 1.244 demissões realizadas pela montadora em São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes.

 

As demissões então foram substituídas pela abertura de PDV, com 696 adesões em São José dos Campos. “Além disso, 140 funcionários da cidade foram colocados em licença remunerada, com estabilidade no emprego até 3 de maio de 2024. Os cortes anunciados pela GM abrangem parte desses trabalhadores”, afirma a entidade.

 

“O Sindicato é contra qualquer demissão. Como a maioria aderiu ao PDV aberto em dezembro, a GM já aplicou a reestruturação pretendida. Esses postos de trabalho que ela está fechando agora poderiam, sim, ser mantidos. As demissões vão na contramão do anúncio de novos investimentos feito recentemente pela montadora”, afirma oWller Gonçalves, presidente do sindicato.

 

A fábrica de São José dos Campos emprega aproximadamente 3,2 mil trabalhadores e produz a recém-atualizada picape Chevrolet S10 e o também renovado Chevrolet Trailblazer, veículos de volumes de vendas reduzidos, abaixo de 10% dos licenciamentos quando somados.

 

De janeiro a abril deste ano, os emplacamentos da picape alcançaram 7,8 mil unidades enquanto do SUV de sete lugares limitaram-se a apenas 428 veículos.

 

Para o mesmo período, a Fenabrave indica mais de 86,7 mil licenciamentos de automóveis e comerciais leves da montadora. No primeiro quadrimestre de 2023, a GM havia vendido 95,6 mil unidades. O recuo de 9,5% contrasta com o avanço médio do mercado e dos principais concorrentes no período.

 

Gravataí parada

 

Na fábrica de Gravataí, RS, onde produz a linha Onix, responsável por 50% dos licenciamentos da Chevrolet no mercado interno, a GM adotou recesso programado para ajustes na cadeia de suprimentos entre a quinta-feira, 2, e segunda-feira, 6, com retorno na terça-feira.

 

A montadora não deu mais detalhes sobre a folga de três dias para os funcionários e também não comentou o acordo fechado com os trabalhadores no último dia 30, que estabelece PPR, Programa de Participação nos Resultados, para este ano de R$ 16 mil, com a primeira parcela de R$ 9,8 mil a ser paga no próximo dia 10.

 

O acerto também contempla 2025, com previsão de um aumento de 100% do INPC em abril, acompanhado de um abono de R$ 1 mil, além do pagamento da primeira parcela de R$ 9,8 mil do PPR em 18 de abril. O vale-alimentação passa de R$ 300 em 2024 para R$ 350 em 2025, e haverá adiantamento do 13º terceiro salário em 21 de fevereiro.

 

“O resultado das negociações representa uma vitória significativa para os trabalhadores. Estamos orgulhosos do resultado alcançado”, afirmou o diretor  da entidade, Valcir Ascari.

 

No mesmo acordo ficou estabelecido a PPR a ser pagar pelos sistemistas, de R$ 8.640 em 2024, e um aumento de 100% do INPC em abril de 2025, juntamente com um abono de R$ 540, entre outras vantagens. (AutoIndústria)