O Estado de S. Paulo
A Tesla anunciou ontem que vai demitir mais de 10% de sua força de trabalho, após registrar queda na venda de veículos elétricos no último trimestre – a primeira desde 2020. Ao todo, por volta de 14 mil funcionários serão afetados pela decisão, comunicada por e-mail, de acordo com o site Electrik.
Na mensagem, Elon Musk, fundador da companhia, afirmou que a Tesla vai passar por uma nova fase de crescimento e que, por isso, será necessário fazer reestruturação nas áreas da empresa para “diminuir custos e aumentar a produtividade”. O e-mail não citou quais setores seriam impactados com as demissões.
“Como parte desse esforço, fizemos uma análise completa da organização e tomamos a difícil decisão de reduzir nosso quadro de funcionários em mais de 10% em todo o mundo. Não há nada que eu odeie mais, mas isso precisa ser feito. Isso nos permitirá ser enxutos, inovadores e ávidos pelo próximo ciclo da fase de crescimento”, disse Musk no comunicado.
Em um anúncio feito de surpresa logo após o comunicado chegar aos funcionários, Drew Baglino, vice-presidente sênior que desempenhou um papel fundamental na ascensão da empresa de uma startup improvável a uma fabricante dominante do mercado mundial de carros elétricos, disse que havia renunciado.
“Ontem (domingo) tomei a difícil decisão de deixar a Tesla depois de 18 anos”, disse Baglino em uma postagem no X (ex-Twitter), rede social que também pertence a Musk. Baglino é um dos três únicos dirigentes, além de Musk, listados como executivos de alto escalão no site da empresa.
Investidores começam a mostrar preocupação com a gestão da companhia. Os muitos outros empreendimentos de Musk e sua propensão a fazer declarações políticas polarizadoras levantaram questões sobre até que ponto ele continua focado na administração da Tesla. Wall Street está cada vez mais cética com a empresa: o preço das ações da companhia perdeu cerca de um terço do seu valor neste ano.
Vendas
No primeiro trimestre deste ano, a Tesla registrou uma queda de 8,5% na comercialização de seus modelos elétricos em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao último trimestre de 2023, a queda foi de aproximadamente 20%.
No ano passado, a empresa reduziu os preços dos seus automóveis para aumentar a demanda, o que derrubou seu lucro. A estratégia, porém, parece estar perdendo a eficácia.
Rivais como a BYD, da China, a BMW, da Alemanha, e a Kia e a Hyundai, da Coreia do Sul, relataram aumentos nas vendas de veículos elétricos no mesmo período, sugerindo que a procura global mais lenta por modelos movidos a bateria não foi a única explicação para os problemas da Tesla.
No ano passado, a Tesla informou que tinha 140.473 funcionários. O comunicado não informou se os funcionários que foram demitidos receberão algum tipo de pacote de rescisão nem a partir de quando os trabalhadores deixarão a empresa. (O Estado de S. Paulo/Bruna Arimathea)