AutoIndústria
Até 2030, o mercado de automóveis e comerciais leves deverá somar 3,28 milhões de unidades, crescimento ao redor de 38%. Neste cenário, os modelos a combustão participarão por volta de 42%, os puramente elétricos 10% e os híbridos terão a maior fatia das vendas, com 48%. Ao menos assim, projeta recente trabalho da Bright Consulting, empresa presente como consultora em um conjunto de montadoras que responde por 65% da produção de leves no País.
Baseado na projeção da consultoria, no mesmo período de seis anos a frota circulante de leves saltará de 46 milhões, anotados em 2022, para 56 milhões de unidades. No parque, 88,2% serão de veículos combustão, 9,8% de híbridos e 1,9% de 100% elétricos.
De acordo com Murilo Briganti, COO da Bright Consulting, o avanço da eletrificação no País ocorrerá em velocidade menor em relação aos países mais desenvolvidos, como por aqui também os chamados híbridos leves terão maior demanda em virtude aos custos menores e sistema mais simples.
“O Brasil, no entanto, é um dos poucos do mundo com enormes vantagens no processo de transição energética, com diversos combustíveis disponíveis e várias rotas tecnológicas para seguir. Utilizando somente o etanol, por exemplo, a emissão de carbono cai pela metade imediatamente, sem necessidade de investimento em infraestrutura.”
Proporcionar condições adequadas de abastecimento de eletrificados se mostra como outra barreira em um avanço mais rápido. Pelo trabalho para Bright, a infraestrutura de recarga atual é de 4,2 mil pontos, onde já se investiu R$ 77,8 milhões. Briganti pondera que número pode parecer robusto, mas a estações estão concentradas no Sul e Sudeste do País.
“A média considerada adequada é de um ponto para oito veículos elétricos ou mesmo plug-in. Assim, em 2030 o Brasil teria de ter uma infraestrutura com mais de 160 mil pontos de recarga, demando aporte de superior a R$ 4,5 bilhões.”
Em meio às projeções, a empresa de consultoria entende que o País dará um salto evolutivo no que diz respeito à mobilidade sustentável, em especial por conta da Medida Provisória que cria o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação). “O Brasil é o primeiro do mundo a adotar como mecanismo de descarbonização o conceito do poço à roda, um diferencial fantástico que se pensa em sustentabilidade”, resume Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting.
A proposta do Mover, portanto, não envolve somente a redução de emissões derivada do uso do veículo, mas também incentiva a descarbonização no processo de produção de energia, desde a extração dos recursos ao consumo nos motores. “O Mover coloca um norte para as fabricantes e, pelas regras, encaminha a indústria a apostar no híbrido flex. O programa visa uso de capacidade, aumento de pesquisa e desenvolvimento e, claro, aumento de eficiência.”
O executivo, no entanto, aponta que o setor deverá passar por uma reconfiguração. As montadoras tenderão a ser mais verticalizadas, mas também novas parceria na cadeia de suprimentos surgirão. As concessionárias terão mais complexidade no atendimento e, por consequência, mais oportunidades na área de pós-venda. Também a Mobilidade como Serviço (MaaS) passarão a ter papel mais preponderante no ecossistema, bem como a da reciclagem. (AutoIndústria/Décio Costa)