Raízen faz parceria com E-Wolf para fortalecer a eletromobilidade

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

Três meses depois de firmar parceria com a startup Tupinambá Energia, a Raízen Power volta a fazer um novo acordo, dessa vez com a E-Wolf, empresa especializada em equipamentos de recarga para veículos eletrificados. O objetivo é ampliar as redes de carregamento pública e privada no Brasil.

 

A união estabelece o fornecimento de carregadores convencionais, rápidos e ultrarrápidos, instalação e manutenção dos equipamentos. “Nossa proximidade com a Tupinambá nos credenciou também a negociar com a Raízen Power”, afirma Thiago Castilha, diretor de marketing da E-Wolf.

 

A parceria entre Raízen e EWolf não conflita com a sociedade com a Tupinambá, pois são complementares. “A Tupinambá repassou sua rede para a Raízen e virou uma empresa de gestão e software. Nós nos responsabilizamos pelos carregadores e a Raízen fornece a energia renovável. Nesse tripé, cada um coloca em prática a sua expertise”, diz Castilha.

 

Pilares da Jornada

 

Para Rafael Rebello, diretor de mobilidade elétrica da Raízen Power, a marca de soluções de energia elétrica renovável da empresa licenciada do programa Shell Recharge, o acordo visa levar a melhor experiência para o consumidor. “É uma ação colaborativa que oferece recarga de qualidade em uma rede maior e mais segura”, diz.

 

A Raízen não olha apenas um pedaço da jornada da eletromobilidade, mas o todo. Segundo Rebello, esse percurso se apoia em três pilares: a capilaridade da rede elétrica para a recarga de veículos, o suprimento de energia renovável para vários players e a conexão do cliente com todo o ecossistema.

 

Segundo os executivos, o objetivo principal é que o consumidor sinta total segurança na qualidade de recarga. “Imagine uma pessoa que compra um smartphone por R$ 5 mil. Com um ativo tão caro nas mãos, ninguém correrá o risco de usar um carregador de bateria genérico. O mesmo acontece com o dono de um carro elétrico de R$ 100 mil a R$ 500 mil”, compara.

 

Projeto com a BYD

 

Para que o cliente desfrute dessa segurança, a rede de recarga da Raízen Power deve encontrar-se em perfeito funcionamento. Na parceria, o pós-venda também está sob responsabilidade da E-Wolf, com a manutenção e a disponibilidade de peças de reposição. “Somos fornecedores de marcas importantes, como a chinesa BYD. Ou seja, temos o firme compromisso de deixar os equipamentos em operação o tempo todo”, atesta Castilha.

 

O executivo revela que em 2023 a E-Wolf cresceu 500% em comparação ao ano anterior. “Isso comprova que prestamos um serviço com estrutura segura e ágil”, acredita.

 

A parceria com a Raízen Power pode elevar ainda mais esse número. Em 2024, as empresas planejam instalar mil carregadores – 900 de carga lenta e 100 de carga rápida – em lugares como postos de combustíveis, shoppings e depósitos.

 

Há, também, um projeto de, nos próximos três anos, implementar 600 pontos de recarga rápida para a BYD. Eles estarão distribuídos em 30 hubs, com 20 pistolas em cada. “Eles servirão todos os proprietários de carros elétricos, mas o foco é atender principalmente motoristas de apps, veículos comerciais e de locação”, diz Rebello.

 

Consolidação

 

As parcerias recentes da Raízen Power levantam um ponto interessante: o nível de investimentos e o avanço da companhia licenciada da Shell Recharge no tabuleiro da eletromobilidade brasileira.

 

“As empresas petrolíferas estão bastante interessadas no mercado da eletromobilidade. A médio prazo, algumas vão se consolidar”, testemunha Castilha. Rebello reforça que a Shell já é protagonista nesse segmento na Europa e na China e, no Brasil, ela tem o selo de qualidade da Shell Recharge.

 

“Difícil dizer quantos players continuarão no jogo, porque nem todos apresentarão folêgo financeiro para novos investimentos. Para se ter ideia, a instalação de um ponto de recarga rápida custa de R$ 400 mil a R$ 1 milhão. Acredito, sim, que o mercado tende a se concentrar em algumas marcas”, diz.

 

A estratégia da Raízen Power para seguir crescendo no mercado está bem definida: “Buscamos ampliar o portfólio de serviços, o que inclui a colaboração com energytechs e empresas na cadeia produtiva que compartilham os mesmos propósitos. Ainda há muito a desenvolver, como os projetos de energia eólica e os desafios de infraestrutura”, conclui. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Mário Sérgio Venditti)