BYD já desestabiliza ranking de marcas

AutoIndústria

 

Se sem maiores dificuldades Fiat e Volkswagen dão continuidade, em 2024, a seus papéis de, respectivamente, líder e vice-líder do ranking de marcas de automóveis de passeio mais vendidas do Brasil, a briga pelas posições seguintes e em especial as intermediárias promete ser bem acirrada nos próximos meses e ainda mais em 2025.

 

Uma boa mostra do quanto a temperatura estará elevada foi colhida já no primeiro bimestre. A começar pela terceira colocação.  Com o reforço da chegada da picape Montana e o bom desempenho do Onix e do SUV Tracker, a General Motors foi, com folga, a terceira colocada em 2023, mas inicia este ano sob forte ameaça da Hyundai.

 

Nos dois primeiros meses de 2024 a diferença em favor da GM, que teve 27,6 mil unidades emplacadas, foi de somente 1,5 mil licenciamentos. Em igual período do ano passado, a montadora estadunidense pontuava o ranking com mais de 37 mil automóveis vendidos, 5,1 mil a mais do que a então segunda colocada Fiat.

 

A proporcionalidade também encolheu e de forma significativa. Nos dois primeiros meses de 2023 a GM deteve 18,7%, fatia que encolheu para 11,6% em 2024, contra 10,9% da Hyundai.

 

No bloco intermediário formado por Toyota, Jeep, Renault, Honda e Nissan, a mesma comparação anual não aponta rigorosamente nenhuma alteração de ordem. A diferença está mesmo na maior proximidade entre as cinco concorrentes.

 

No primeiro bimestre de 2023, 5,7 pontos porcentuais separavam a quinta colocada Toyota da nona Nissan, vantagem que caiu para 4,1 pontos no acumulado deste ano.

 

Daí para trás, contudo, um cenário bem mais turbulento. A novata e ainda importadora BYD fechou o bimestre como a décima marca mais vendida, com 8,7 mil unidades licenciadas, contra somente 375 veículos em iguais meses do ano passado.

 

Com esse gigantesco salto de quase 2.200%, a BYD deixou para trás, numa tacada só, Caoa Chery e GWM, outras duas marcas de origem chinesa e, ainda mais relevante, também Citroën e Peugeot, tradicionais nomes do mercado brasileiro e que contam com a força produtiva e de marketing da Stellantis, dona também da Fiat, Jeep e Ram.

 

Elas ficaram lá trás, na 13ª e 14ª posições, respectivamente. E não por pouco. As francesas acumularam, cada uma, pouco mais de 3,9 mil automóveis de passeio vendidos no bimestre. Ou seja, mesmo juntas não superam a BYD.

 

E até mais: nem se agregassem seus comerciais leves nessa conta — 216 unidades da Citroën e 380 com o logo Peugeot — ultrapassariam a novata.

 

Na semana passada, durante lançamento de seu veículo mais barato, o elétrico Dolphin Mini, que começou a ser vendido no dia 29 de fevereiro apenas, a marca chinesa revelou que tem como meta vender 120 mil veículos no Brasil em 2024, algo como 5% de participação. A quase totalidade importada, uma vez que a produção nacional está prevista para começar no último trimestre.

 

Se assim for, além de triplicar os 41,5 mil veículos trazidos de fora por todos os importadores associados da Abeifa em 2023, começará a incomodar ou até superar marcas de prateleiras mais altas do ranking de carros de passeio, como Honda e Nissan, sempre no entorno dos 4%, e até mesmo a Renault, que fechou 2023 com 6% de penetração ao negociar 102 mil automóveis. (AutoIndústria/George Guimarães)