Programa industrial deve favorecer máquinas, equipamentos e aço

O Estado de S. Paulo

 

A política do governo de incentivo ao setor industrial, o Nova Indústria Brasil, que prevê financiamento de R$ 300 bilhões até 2026, tende a favorecer principalmente os fabricantes de máquinas e equipamentos. Como consequência, as siderúrgicas, que estão numa etapa anterior dessa cadeia produtiva, também sairão ganhando.

 

Entre os cinco segmentos que receberão incentivos no plano industrial, estão máquinas para produção de agricultura familiar e em larga escala; mobilidade elétrica e cadeia de fornecimento de baterias; transformação digital para aumentar a produtividade industrial; bioeconomia, descarbonização e transição energética; e tecnologias para a soberania e defesa nacional.

 

Nesse cenário, entre as empresas que devem ser beneficiadas pelo plano, estão WEG, Marcopolo, Tupy, Embraer, Mills, Randon e Aeris, segundo relatórios do Bradesco e da XP. “Para a WEG, vemos a empresa potencialmente se beneficiando de múltiplas iniciativas (como ônibus elétricos, automação industrial, energia limpa ), enquanto para empresas de autopeças (como Marcopolo, Randon e Tupy) e Aeris (energia eólica) vemos benefícios mais pontuais”, dizem os analistas da XP Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes.

 

As siderúrgicas também podem se beneficiar com um potencial aumento de demanda por aço para atender as empresas de equipamentos, diz a estrategista-chefe do Inter, Gabriela Joubert. Assim, Gerdau e CSN – que são mais “pulverizadas” e têm clientes de diversos setores – estão mais bem posicionadas, enquanto a Usiminas fica em segundo plano por depender mais do setor automotivo.

 

“A siderurgia é uma indústria de base, o que significa que é base para todas as outras indústrias do País. Como o programa visa a beneficiar a indústria como um todo e esses subsetores são clientes em comum das siderúrgicas, então podemos ver uma demanda maior por produtos de aço”, afirma Gabriela.

 

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, afirma que o programa amplia as oportunidades de desenvolvimento da economia e de retomada da industrialização nacional, incluindo o setor de aço. “A atividade produtiva brasileira está perdendo relevância e competitividade e não existe um país próspero sem uma indústria forte”, diz.

 

Werneck menciona ainda que o financiamento de iniciativas de inovação e tecnologia verde e sustentabilidade podem auxiliar a descarbonização da indústria de aço. Para ele, o movimento é essencial para reduzir as emissões, “pois (o aço) está presente nas pás eólicas e veículos elétricos, por exemplo, além de ser um material 100% e infinitamente reciclável”.

 

CSN e Usiminas não quiseram comentar. (O Estado de S. Paulo/Caroline Aragaki)