Parcerias ajudam a acelerar transição energética veicular

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

Os altos investimentos necessários e a expertise das empresas em determinados campos de atuação estão comprovando ser preciso juntar forças para levar adiante a transição energética veicular. As parcerias têm sido fundamentais para o plano de crescimento da infraestrutura de recarga no Brasil.

 

A cada dia, novas associações acontecem para instalar estações e fazer a gestão dos equipamentos e das operações. É uma aposta de que o futuro do carro elétrico é totalmente seguro e promissor. Confira, a seguir, mais duas parcerias que foram anunciadas recentemente.

 

Raízen e Tupinambá

 

A Tupinambá repassou toda a parte de hardware de eletrificação e os pontos de recarga, que faziam parte de sua rede, para a Raízen, licenciada da marca Shell Recharge no Brasil, na Argentina e no Paraguai. “Continuaremos como parceiros de tecnologia da Raízen Power, fazendo a gestão das estações de recarga”, afirma Davi Bertoncello, CEO da Tupinambá.

 

O acordo contempla 204 carregadores de corrente alternada (AC) e tem possibilidade de expandir para mais de 600 pontos, de 7,4 a 22 kW de potência. Trata-se de uma novidade para a Raízen Power, que até então atuava só com carregadores rápidos (DC). Agora, ela complementa o portfólio de soluções de eletromobilidade aos donos de veículos elétricos.

 

Segundo Bertoncello, a parceria marca uma nova fase da Tupinambá, que dará ênfase ao desenvolvimento de tecnologias e softwares de gestão de postos de recarga elétrica. “Nascemos como empresa de tecnologia, desenvolvendo o aplicativo e depois o software. Seguiremos nos empenhando para criar a melhor experiência ao usuário que precisa carregar um carro elétrico”, diz.

 

O potencial do negócio incorporado pela Raízen é enorme. Nos últimos três anos, 10 mil usuários ativos do app da Tupinambá fizeram 60 mil recargas na rede da startup, totalizando um gigawatt-hora (GWh) e que representam 1.100 toneladas de dióxido de carbono (CO2) não lançados na atmosfera.

 

Para o diretor de mobilidade elétrica da Raízen Power, Rafael Rebello, a compra da rede é um passo importante para o desenvolvimento da mobilidade elétrica na América Latina. “Agora, as estações Shell Recharge estarão disponíveis em pontos de maior conveniência para o consumidor, como rodovias, shoppings, supermercados, hotéis e estacionamentos”, afirma.

 

VoltBras e Solarprime

 

A Solarprime é uma empresa de soluções de energia solar com 500 unidades de franquia em todo o País, que pretende diversificar sua lista de serviços ao oferecer carregadores elétricos.

 

Para isso, ela buscou suporte da VoltBras, especialista em gestão de carregadores de veículos elétricos. O projeto concebido pelas duas empresas prevê a instalação de 600 carregadores espalhados pelo Brasil no primeiro semestre.

 

“Com a capilaridade da Solarprime, o processo de expansão da rede será rápido. Isso porque cada franqueado tem, no mínimo, uma equipe de instalação”, explica Rodolfo Levien, diretor de receitas da VoltBras.

 

Pelo aplicativo da VoltBras, os motoristas conseguem escolher o eletroposto mais próximo, iniciar a recarga escaneando o QR Code e monitorar as informações em tempo real, como tempo da operação, energia consumida e preço. Eles têm a flexibilidade de parar a recarga remotamente e a qualquer momento.

 

Segundo Levien, a parceria estará sempre atenta ao movimento do mercado, a fim de avaliar onde existe carência de equipamentos de recarga. “Uma referência mundial é que deve existir um ponto para cada dez veículos elétricos”, destaca. “Assim, vamos mapear o País, que é gigantesco, para saber se há lacunas a serem preenchidas.”

 

Ele acredita que a consolidação gradativa da infraestrutura poderá seguir o mesmo exemplo das distribuidoras de combustível no Brasil. “Cerca de 60% do mercado pertence a três grandes empresas: Petrobras, Shell e Ipiranga. O resto está pulverizado. O mesmo deverá acontecer com as companhias que oferecem o serviço de recarga de baterias, com a predominância de algumas e a divisão entre as demais”, completa. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Mário Sérgio Venditti)