Europa pode adiar fim dos motores a combustão, acredita CFO da Porsche

AutoIndústria

 

A demanda europeia por veículos elétricos não tem feito brilhar tanto, como muitos imaginavam há até bem pouco tempo, os olhos das montadoras e de seus executivos. O visível refluxo das vendas em alguns dos principais países da região tem colocado mais interrogações nas planilhas dos fabricantes do que certezas quanto à evolução desse mercado.

 

Depois de a Volkswagen, maior montadora da Europa, anunciar nas últimas semanas, redução de preços e versões mais baratas para alguns de seus modelos a bateria da família ID em diversos países da União Europeia, nesta semana foi a vez de Lutz Meschke, CFO da Porsche, também marca do Grupo Volkswagen, levantar mais uma dúvida.

 

“Há muitas discussões agora sobre o fim do motor a combustão. Acho que pode ser adiado”, declarou o executivo, durante apresentação na Ásia do SUV Macan totalmente elétrico, à agência de notícias Bloomberg.

 

O executivo refere-se ao prazo determinado pelo bloco econômico para que as montadoras deixem integralmente de vender veículos dotados de motores a combustão na região até 2035.

 

Faltando pouco mais de uma década, é visível a dependência das vendas de veículos movidos a eletricidade de incentivos tributários e o descontentamento dos usuários europeus com a infraestrutura limitada de recarga.

 

E Meschke foi além ao afirmar que, caso a procura por elétricos não evolua a contento, incentivos a modelos de massa devem voltar a ser praticados em alguns mercados. “Temos que ver quão íngreme é a curva de crescimento nos próximos anos”, disse Meschke. “Se tivermos uma situação como agora, com certa relutância em comprar carros elétricos na Europa, talvez os subsídios voltem.”

 

No ano passado, o próprio CEO do Grupo Volkwagen, Oliver Blume, afirmou que a montadora não entraria em guerra comercial para alavancar as vendas, depois que a estadunidense Tesla promoveu descontos para seus carros Model 3 e Model Y oferecidos na  Europa.  Porém, já no encerramento do ano passado, Thomas Schaefer, CEO da marca Volkswagen, admitiria, depois de algumas interrupções na produção de elétricos, que a empresa precisaria mudar sua  estratégia.

 

O adiamento do prazo para eliminação dos motores a combustão nas lojas não seria inédito na Europa. Em setembro, o Reino Unido reviu sua decisão de banir até 2030 veículos movidos a combustíveis fósseis e aceitá-los até 2035, mesmo período definido, até o momento, pela União Europeia. (AutoIndústria)