O Estado de S. Paulo
A GM anunciou ontem investimento de R$ 7 bilhões até 2028 no Brasil. O anúncio foi feito em Brasília, após reunião dos executivos da empresa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o presidente da GM América do Sul, Santiago Chamorro, o investimento será feito na modernização das fábricas e na renovação de produtos, como Onix, Tracker, Montana e S10, além da incorporação de novos modelos e tecnologias.
Embora o presidente da GM Internacional, Shilpan Amin, tenha dito que “o futuro da GM é totalmente elétrico”, para o Brasil a montadora deverá avaliar o comportamento do consumidor. Segundo o vice-presidente de Políticas Públicas da empresa, Fábio Rua, a avaliação será feita de acordo com a demanda. “Teremos elétricos aqui. O timing para que isso aconteça vai depender das condições de mercado.”
O investimento da montadora no atual ciclo de quatro anos no País é inferior ao realizado no quadriênio anterior (R$ 10 bilhões), mas Rua afirmou que o valor poderá ser ampliado. “Não terminamos de anunciar nosso novo ciclo de investimentos.”
Rua disse que os cortes feitos no ano passado (a empresa demitiu 1.245 funcionários em outubro, mas teve de reintegrar os empregados em novembro, após decisão do Tribunal Superior do Trabalho) ocorreram em uma “conjuntura específica de ajustes na produção”.
Os executivos reconheceram que as fábricas no País estão funcionando abaixo da capacidade, mas vê chance de melhora se houver a reativação de mercados como Colômbia e Chile.
Mover
A montadora afirmou ainda ter dúvidas sobre a regulação e em como funcionarão os estímulos aos veículos elétricos no Mover, programa de incentivos ao setor lançado no fim do ano pelo governo. O governo não só tributou a importação de veículos híbridos e elétricos como criou vantagens a híbridos movidos a etanol em relação aos elétricos.
Rua disse não ver tratamento mais vantajoso aos híbridos e que, se este for o entendimento que prevalecer, defenderá a revisão do programa pelo governo federal. O Mover terá etapas de regulamentação nos próximos meses, que ditarão regras sobre os investimentos que as montadoras deverão fazer no Brasil em pesquisa e desenvolvimento e ainda nas condições de tributação para os importadores de híbridos e elétricos que investem no Brasil, como é o caso da GM.
O executivo negou que a companhia tenha reduzido os investimentos em razão de vantagens tributárias concedidas à concorrente chinesa BYD, cuja futura fábrica de híbridos e elétricos será instalada em Camaçari, na Bahia. Os benefícios fiscais de ICMS e também de impostos federais (IPI, PIS e Cofins) foram estendidos até 2033.
“Ele (o presidente Lula) reforçou o Mover para que a gente siga trabalhando para diminuir eventuais assimetrias tributárias que a gente sabe que existem, como o incentivo do Nordeste, que foi aprovado na reforma tributária, que ainda não pacifica a questão”, disse.
Rua afirmou que montadoras que não estavam no Nordeste foram contra a renovação por uma questão competitiva e que houve um avanço em relação à ideia original. “Agora temos um phase out (redução gradual). Esses degraus vão melhorar as condições de competitividade. Também houve a impossibilidade de que (o benefício) seja usado por fornecedores, de partes e peças da região. As coisas avançaram.”
Outras marcas
Outras fabricantes anunciaram recentemente investimentos no País. Em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sexta-feira passada, a chinesa GWM, que pretende investir R$ 10 bilhões em dez anos no País, deve iniciar em maio a produção na antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP).
A BYD destinou R$ 3 bilhões para produzir na Bahia, na antiga fábrica da Ford. Outros aportes vêm da Caoa Chery (R$ 3 bilhões), Stellantis (R$ 2,5 bilhões), Renault (R$ 2 bilhões) e Nissan (R$ 1,5 bilhão). (O Estado de S. Paulo/Mariana Caneiro)