O Estado de S. Paulo
Até o fim desta década, a produção de petróleo no Brasil deve ter uma alta de quase 43%, saltando de 3,5 milhões de barris por dia para 5 milhões diários, projeta Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “Nos próximos anos, o Brasil tende a ser um dos cinco, seis maiores produtores de petróleo do mundo”, afirma. Em 2022, no último dado disponível consolidado, o Brasil estava na nona colocação entre os principais produtores.
No ano passado, a economia brasileira ganhou um reforço importante na sua capacidade de produção. Quatro plataformas entraram em operação. Em 2024, mais uma deve começar a funcionar, de acordo com um acompanhamento da consultoria Tendências. Juntas, têm capacidade para 660 mil barris por dia.
“Neste ano, deve haver um aumento de produção em cima de um crescimento bastante forte no ano passado, que foi de 10%. A demanda doméstica não vai aumentar muito mais e você tem um excedente que vai ser exportado”, diz Walter De Vitto, analista da Tendências.
Em 2025, a expectativa é a de que mais cinco plataformas entrem em operação, aumentando a capacidade de produção em mais 905 mil barris por dia.
“Tem uma certa limitação no refino e um cenário econômico (interno) nada muito brilhante. Esses dois fatores tendem a gerar um excedente e uma balança mais superavitária”, afirma De Vitto.
Debate ambiental
A escalada de produção de petróleo prevista para durar até 2030 abriu uma discussão sobre o que vem depois num momento em que o mundo discute a transição energética, para fontes mais limpas de energia.
Nesse debate, que divide também integrantes do governo Lula, a principal aposta é a de que o novo foco de exploração se dê na Margem Equatorial, que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, e é formada por cinco bacias – Foz do Amazonas, Potiguar, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará.
“No passado, a principal bacia produtora era Campos e, agora, é Santos. A próxima fronteira deveria ser a Margem Equatorial para o País não perder protagonismo”, afirma Pires.
Em dezembro, a Petrobras informou que iniciou a perfuração do poço de Pitu Oeste, no Rio Grande do Norte. O grande debate dentro do governo é sobre a perfuração da Bacia da Foz do Amazonas. Ela continua vetada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a estatal recorre para reverter a decisão.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é um dos grande defensores da exploração de novas fronteiras, incluindo a Margem Equatorial. Como contraponto dentro do governo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, que o País deveria impor limites à exploração de petróleo. “É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar”. (O Estado de S. Paulo/Luiz Guilherme Gerbelli)