Anfavea sobre Mover: “Não é renúncia fiscal. É investimento”

AutoIndústria

 

A publicação da MP 1.205 que institui o Mover (Mobilidade Verde e Inovação) foi comemorada pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante a divulgação nesta quarta-feira, 10, dos números da indústria automotiva no ano passado.

 

O executivo comentou que o setor precisava de previsilidade, garantindo que o programa terá reflexos imediatos nas ações das montadoras.

 

“O Mover tem efeito de curto prazo em investimentos, que vão ocorrer pela combinação da sua publicação mais a regra que trata da retomada gradativa das alíquotas de importação de veículos com novas tecnologias”.

 

Na sua avaliação, trata-se de uma política industrial muito moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no País e também para as empresas que estão chegando, “por privilegiar as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e a neoindustrialização”.

 

Quanto ás críticas de alguns economistas quanto ao fato de o programa gerar renúncia fiscal de R$ 19 bilhões até 2028, dos quais R$ 3,5 bilhões este ano, Lima Leite diz que a entidade vê o Mover com foco totalmente inverso:

 

“Não é renuncia fiscal, mas investimento. Difícil dizer quem tem razão ou não. Mas quando se fala em descarbonização, tem um custo. O mesmo com segurança veicular. Não é dinheiro que está sendo dado às montadoras. É um dinheiro que vai ser investido não só pelas montadoras, mas também pelos fornecedores de autopeças e matérias-primas”.

 

Ele lembrou que os Estados Unidos gastaram em um ano US$ 50 bilhões em descarbonização: “Nosso programa é de US$ 4 bilhões em cinco anos”. O foco central do programa, segundo ele, é a valorização dos biocombustíveis.

 

“Vejo o programa Mover como muito completo, não há nenhum outro no mundo tão bem pensando como esse editado pelo governo brasileiro. Dá privilégio para quem prestigiar a matriz energética brasileira, trazendo os biocombustíveis para o mesmo nível da eletrificação. É o único país que tem isso, que contempla os biocombustíveis na mesma proporção, no mesmo patamar dos elétricos”.

 

No âmbito da descarbonização, o Mover incentiva investimentos tanto nos híbridos como nos elétricos. A partir da publicação da MP, haverá uma série de regulamentações ao longo deste primeiro trimestre. “Até abril, teremos várias normas editadas. E como o programa inclui reciclabilidade, seus reflexos irão além dos cinco anos”.

 

Não só nos veículos, mas também na produção, a partir de 2027, as emissões serão medidas do berço ao túmulo. “Vale para os carros brasileiros e feitos fora do país, com impacto na tributação do veículo”, explicou o presidente da Anfavea. “A partir da eletrificação e do desenvolvimento de novas tecnologias de propulsão, haverá, na prática, aumento de arrecadação e geração de riquezas”.

 

Para acompanhar as novas regras e a votação da MP no Congresso Nacional, a Anfavea vai promover um workshop reunindo montadoras, fornecedores, AEA, academias e imprensa para discutis o olhar da indústria sobre o Mover. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)