Empresas brasileiras de máquinas agrícolas vão à Alemanha em busca de novos mercados

Globo Rural

 

Dentre os mais de 2,8 mil expositores da Agritechnica 2023, um quadrilátero animado chama a atenção pela cor dos estandes, a fala rápida e o excesso de risadas. Sim, são empresas brasileiras que estão juntas na maior feira de máquinas agrícolas do mundo. Todas têm em comum o desejo de expandir suas vendas em novos mercados e, embora a feira seja realizada em Hannover, na Alemanha, muitas querem aproveitar para conhecer empresários do Oriente Médio ou África.

 

Sob o acordo chamado “Brazil Machinery Solutions (BMS)”, a Associação Brasileira de Máquinas (Abimaq) e a Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex) levaram nove companhias de máquinas do país para a Agritechnica. O gastos com a missão fazem parte do orçamento de R$ 25,8 milhões previsto para o biênio 2023-2024.

 

“Participamos dessa feira há sete anos e sempre mostramos os resultados aos associados. Eles não são imediatos como em outras feiras, mas se estendem para longuíssimo prazo. O olho no olho daqui gera negócios que perduram”, disse Patricia Gomes, diretora executiva de mercado externo, da Abimaq.

 

Apoio às empresas

 

No evento presencial anterior, as integrantes da missão brasileira fecharam cerca de R$ 20 milhões em negócios, ainda que a Agritechnica não seja uma feira de vendas, mas uma exposição de marcas. A associação dá apoio com a montagem dos estandes e até com intérpretes para os empresários que têm mais dificuldade com o inglês. Nos estandes brasileiros se vê italianos, franceses e outros europeus, mas também chineses e muitos russos.

 

Henrique Stadtlobeer, diretor da Indutar, é um dos empresários vizinhos à Abimaq que busca novos mercados. A empresa de Ibirubá (RS) produz implementos como rolo de faca e plataforma de pipoca. “Sem vir à feira, temos o rolo de faca mais vendido no mundo e clientes até mesmo na República Tcheca e Lituânia”, disse ele.

 

Com 25 anos de existência, a companhia fatura R$ 400 milhões ao ano — as exportações representam 5% disso. “Somos fornecedores da John Deere e AGCO e vamos mostrar o potencial do nosso produto. Tem sido um sucesso, mesmo no primeiro dia de feira”, comentou Stadtlobeer.

 

Efeito duradouro

 

Com mais experiência na Agritechnica, Flávio Silva, gerente de produtos da Magno Jet, garante que o efeito de uma feira como essa perdura por anos. “Já somos uma empresa global, com vendas em 80 países, mas achamos fundamental a presença para conversar olho no olho com nossos clientes e mostrar nossas novidades, para não parecer algo forçado, de catálogo”, afirmou Silva.

 

A Magno Jet, de Ibati do Norte, no Paraná, comercializa bicos para pulverização com alta tecnologia. Todos são de cerâmica, mais resistentes e modernos.

 

‘Parcerias em todo o mundo’

 

De porte menor, mas nem de longe com menos animação, a gaúcha São José, está em sua terceira feira internacional de máquinas neste ano. Antes da Alemanha, o gerente de exportação Juares Martini pousou na Itália e na África do Sul. “Essa feira é ótima para nós porque conhecemos revendas de todo o mundo. Já temos parcerias na América Latina, mas nada na Europa e no Oriente Médio”, diz Juares Martini, gerente de exportação da companhia.

 

No público, em vez de produtores, é mais comum ver empresários em busca de parceiros e revendas ou apenas circulando para conhecer as novidades dos concorrentes. Um grupo de brasileiros falava animadamente entre os corredores. Eram representantes da curitibana Conela, que vende soluções para ambientes climatizados. “Nosso foco principal é conhecer as tendências de ESG e ver o que a concorrência e parceiros têm feito”, diz Fernanda Batista, gerente de engenharia da Conela. O agro responde por 60% da receita da empresa, de R$ 80 milhões. (Globo Rural/Fernanda Pressinott)