GM projeta vendas ruins até 2024 e diz que precisa reestruturar fábricas

O Estado de S. Paulo

 

A General Motors (GM) comunicou aos funcionários de suas fábricas paulistas que terá de implantar um plano de reestruturação nas suas operações, em razão da piora na expectativa de vendas não apenas para o restante do ano, mas também para 2024.

 

A primeira tentativa da montadora de abrir um programa de demissões voluntárias (PDV), no entanto, foi rejeitada na semana passada em assembleias realizadas por trabalhadores das fábricas de veículos de São Caetano do Sul e São José dos Campos, assim como em Mogi das Cruzes, onde produz componentes.

 

A intenção da GM era iniciar o PDV já na segunda-feira, dia 18, deixando o programa aberto a adesões do maior número possível de empregados até a próxima terça-feira. Seria voltado a funcionários de produção e de suporte à manufatura com, no mínimo, sete anos completos de casa. Além das verbas rescisórias previstas em lei, a empresa ofereceu oito opções de incentivos ao desligamento voluntário.

 

As opções variavam de 21 meses de plano de saúde, sem pagamento de salário adicional, a sete salários adicionais, sem cobertura de plano médico. Ou seja, quanto maior fosse o número de salários, menor o tempo em que o funcionário estaria protegido pelo plano de saúde após deixar a empresa.

 

Segundo os sindicatos de São Caetano, onde a GM produz os modelos Montana, Spin e Tracker, e de São José dos Campos, de onde saem a picape S10 e o utilitário-esportivo TrailBlazer, ainda não foi marcada uma nova reunião com a GM para discutir medidas de readequação das fábricas.

 

Demanda menor

 

Procurada, a GM apenas confirmou que o PDV não foi aceito nas suas três unidades de São Paulo. Na fábrica em Gravataí (RS), que produz o Onix, nenhum ajuste foi apresentado aos trabalhadores, conforme o sindicato dos metalúrgicos da região.

 

A movimentação da GM acontece após os descontos patrocinados pelo governo nas vendas de automóveis proporcionarem um alívio apenas temporário ao setor. Em comunicado, no qual apresenta os argumentos para a realização do PDV, a GM alega que a atual demanda do mercado requer que a empresa realize um plano de reestruturação para adequar sua mão de obra ao volume de produção previsto. No documento, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, a montadora alega que os ajustes de produção feitos até agora – como férias coletivas e folgas – não foram suficientes para alinhar a produção à menor demanda. “As projeções mostram que essa condição não deve mudar neste ano e nem em 2024”, disse a GM aos empregados. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)