Venda de carro novo cai 14% à espera de medidas para redução dos preços

O Estado de S. Paulo

 

A expectativa da entrada em vigor de medidas do governo que reduzirão o preço dos carros novos fez com que a média diária de vendas em maio caísse quase 14% ante abril. A previsão é de que os preços sejam reduzidos entre 1,5% e 10,96% nos modelos de até R$ 120 mil. Veículos mais baratos terão descontos maiores. Até segunda-feira, a média diária de vendas era de 7.284 unidades, ante 8.443 em igual período de abril – e quase 5% abaixo da média de maio de 2022. O segmento de carros usados, que acompanha o de novos na questão dos preços, também vive a expectativa da definição. A arrecadação com a regulamentação das apostas esportivas é uma das alternativas em estudo pelo governo para compensar parte do corte de tributos federais no programa, que deve durar de quatro meses a um ano.

 

A média diária de vendas de carros novos em maio caiu quase 14% em relação a abril, à espera da entrada em vigor de medidas do governo Lula que prometem reduzir entre 1,5% e 10,96% os preços de modelos que custem até R$ 120 mil. Segundo anúncio feito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin na quinta-feira passada, Dia da Indústria, carros mais baratos terão descontos maiores.

 

O setor aguarda a definição das medidas, inclusive para saber por quanto tempo o corte de tributos vai se estender. Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Serviços (Mdic), o pacote pode se alongar por até um ano (mais informações nesta página).

 

Na primeira quinzena de maio, os licenciamentos vinham em ritmo de alta, e a indústria automobilística acreditava que o mês poderia ser o melhor de vendas no ano. Com as notícias do pacote, as vendas começaram a desacelerar e, até a última segunda-feira, a média diária era de 7.284 unidades, ante 8.443 em igual período de abril – e quase 5% abaixo da média de maio do ano passado. Lojistas afirmam que a queda não foi maior porque muitos dos licenciamentos feitos no período se referem a negócios fechados antes do anúncio.

 

Alcance na frota

 

A medida esperada pelo setor automotivo vai beneficiar 40% dos modelos à venda no mercado que custam até o valor-limite definido pelo governo.

 

O segmento de carros usados, que tradicionalmente acompanha o de novos na questão de preços, também está em compasso de espera, segundo a Federação Nacional das Associações de Revendedores de

 

Veículos Automotores (Fenauto). Um porta-voz da entidade afirma, porém, que para avaliar eventual impacto é preciso esperar as medidas que de fato serão adotadas.

 

É possível, segundo a Fenauto, que a faixa de preço de carros novos que terão algum benefício concorrerá diretamente com modelos seminovos, mas, se os efeitos da medida tiverem duração de “três a quatro meses”, como dito recentemente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “lá na frente o mercado se ajusta novamente”, segundo o porta-voz da entidade. Porém, pela expectativa do Mdic, o programa pode durar até 12 meses.

 

Incentivos “verdes”

 

Em reforço à fala de Haddad, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou ontem que o programa para baixar o valor de carros no Brasil será “emergencial” e de “curto prazo”, pelo contexto de risco vivido pelas montadoras. Ele destacou que a Fazenda trabalha em medidas para construir uma política de incentivos “verdes” e que atividades poluentes terão de trabalhar com um custo imposto a quem consome ou produz.

 

O setor automotivo espera que o detalhamento das medidas seja feito ainda esta semana. Para tanto, será preciso a confirmação da Fazenda sobre o impacto fiscal do pacote, que deve beneficiar principalmente os carros de entrada.

 

O principal desafio da Fazenda é como compensar a perda de arrecadação, em um momento em que o governo federal busca exatamente o contrário. Uma das possibilidades em estudo é a de gerar receita com a regulamentação das apostas esportivas. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)