Para viabilizar carro popular, montadoras vão recriar versões “peladas”

Jornal do Carro

 

A receita é antiga. Para baratear os veículos atuais, e enquadrá-los dentro dos valores e exigências do pacote de incentivos fiscais do governo federal, que visa a volta do carro popular, as montadoras deverão ressuscitar os modelos “pelados”. Assim eram chamados os automóveis que vinham de fábrica quase sem equipamentos. Quem não se lembra dos saudosos Fiat Mille e Volkswagen Gol, por exemplo, que até a década de 2000 vinham sem qualquer equipamento extra? E era normal.

 

Hoje, a coisa já não funciona bem assim. Dificilmente o consumidor vai abrir mão de itens como ar-condicionado, por exemplo. Levantar os vidros na manivela e trancar o carro na chave, então, virou algo impensável. Sem contar que, numa época em que os poucos telefones celulares existentes não tinham qualquer tipo de interação com o carro, havia outro comportamento. Era comum se contentar com toca-fitas, toca-CDs ou mesmo manter por anos aquele tampão no lugar do sistema de som.

 

É por essas e outras que alguns especialistas, conforme noticiou o Jornal do Carro na semana passada, não creem na volta do carro popular. Até mesmo porque, além da impossibilidade de retirar alguns equipamentos (como os obrigatórios airbags e freios ABS, por exemplo), muitos consumidores vão preferir recorrer ao usado completo a comprar um zero pelado.

 

Peugeot tem promoção

 

Mas, de olho na clientela que prefere o cheirinho de carro novo e não opta por modelos de segunda mão, já tem montadora depenando conteúdo para deixar seus carros mais baratos. A Peugeot, por exemplo, passou a oferecer o 208 Like a partir de R$ 69.990.

 

A versão de entrada do hatch, com motor 1.0 Firefly de três cilindros e câmbio manual de cinco marchas, perdeu alguns itens para chegar neste montante. Agora, quem desejar equipamentos como central multimídia com tela de 10,3″ e conexão wireless de Android Auto e Apple Carplay, luzes diurnas iluminadas com LEDs (DRL), volante multifuncional e retrovisores elétricos (antes, de série), precisa desembolsar R$ 3.000 extras. Desse modo, tais itens migraram para o pacote opcional Pack Tech, que adiciona R$ 3.000 – total: R$ 72.990.

 

Seja como for, o Peugeot 208 Like está mais pelado que antes, mas continua a vir com alguns conteúdos interessantes. Tem, por exemplo, ar-condicionado digital, assistente de partida em rampa e vidros elétricos dianteiros de fábrica. Cabe salientar que o valor tem pagamento em até 72 parcelas. E a Peugeot também tem promoção com taxa de juros zero, em 24 vezes, para todas as versões de 208 e 2008. Ao JC, a montadora confirmou que a promoção vai até o fim deste mês.

 

Entenda o pacote de incentivos do governo

 

Na manhã da última quinta-feira (25), o governo anunciou um pacote de medidas para trazer de volta o “carro popular” ao mercado brasileiro. De acordo com o o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, nas próximas semanas haverá um decreto, por meio de Medida Provisória, que promete cortar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o PIS/Cofins de veículos com preço de até R$ 120 mil.

 

Segundo Alckmin, esses veículos, como Renault Kwid, Fiat Mobi e Citroën C3, por exemplo – que custam em torno de R$ 70 mil -, terão valores abaixo de R$ 60 mil após os descontos. Para isso, haverá redução da carga tributária de 1,5% até um máximo de 10,96%. Porém, o desconto vai considerar itens como eficiência energética (quem tiver motores menos poluentes e mais econômicos) e índice de nacionalização (quanto mais peças nacionais, menos imposto).

 

Agora, está nas mãos das montadoras. Ou seja, espera-se que os hatches de entrada, que são os modelos que mais atendem aos requisitos estipulados pelo governo, sejam os mais beneficiados. Dessa forma, modelos como Chevrolet Onix, Fiat Argo, Hyundai HB20, Peugeot 208 e Volkswagen Polo Track terão os maiores abatimentos. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)