O Estado de S. Paulo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem que sua pasta e o ministério da Indústria, o Mdic, vão finalizar as contas até amanhã sobre o impacto da desoneração tributária dos automóveis até R$ 120 mil anunciada anteontem. A intenção é apresentar os detalhes do programa, uma tentativa de resgate do carro popular, na próxima semana, antes do prazo de 15 dias dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à GloboNews, Haddad adiantou que o programa não deve chegar a um quarto do impacto fiscal estimado pelo mercado, de R$ 8 bi. Os cálculos, disse Haddad, vão levar em consideração a perspectiva de redução dos juros, que deve tornar desnecessário o estímulo às vendas.
Projeções preliminares já foram feitas, porém, disse o ministro, a equipe econômica precisa fechar a equação seguindo os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Não posso apresentar conta ao presidente sem estar fechada”, disse.
Haddad afirmou que os incentivos serão temporários e têm o objetivo de apoiar o setor na transição entre o início do ciclo da queda dos juros e a recuperação do mercado. Ele classificou a tentativa de resgate dos carros populares como um programa “tópico”, que, prometeu, não vai se estender para além deste ano. “Estamos falando de um programa que pode durar três ou quatro meses, não é estrutural”, declarou o ministro, acrescentando que a duração ainda está em definição.
Montadoras
O ministro citou o fechamento de montadoras nos últimos anos ao justificar a preocupação com a estagnação do mercado de carros. Com o início dos cortes de juros, inflação controlada e melhora na perspectiva de crescimento econômico, projetou, as vendas de bens duráveis devem se recuperar com a volta do crédito, tornando os estímulos desnecessários. “Tem um hiato que está nos preocupando.” (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna e Fernanda Trisotto)