Governo anuncia “carro popular” nesta quinta em Brasília; mercado para à espera de queda de preços

O Estado de S. Paulo Online

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia nesta quinta-feira, 25, às 10h, o esperado pacote de medidas para trazer de volta ao mercado o que o presidente chamou de “carro popular”, na verdade, modelos mais baratos que os atuais, hoje com preços a partir de R$ 69 mil. Nos últimos dias, o mercado de veículos novos, que na primeira quinzena apresentava crescimento em relação a abril, praticamente parou na expectativa de redução de preços.

 

Grande parte das locadoras, que hoje ficam com 43% das vendas totais de automóveis, deixaram de fazer pedidos. Elas são vistas como importante mercado para modelos mais despojados, procurados principalmente por quem trabalha com aplicativos. Até o segmento de usados teve desaceleração de negócios, pois qualquer eventual mudança nos preços dos novos afeta também os usados, segundo informam dirigentes do setor automotivo.

 

Lula fará o anúncio em Brasília, ao lado do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento (Mdic), pasta que coordenou as discussões com montadoras para o pacote. Na visão de alguns representantes da indústria, as medidas, porém, podem frustrar expectativas.

 

Antes, o anúncio estava previsto para ser feito na sede da Fiesp, em São Paulo, durante a comemoração do Dia da Indústria. Lula só estará no local às 17h, para o encerramento do evento. Não foi explicado o motivo da mudança na agenda.

 

Em nota divulgada no início da noite de quarta-feira, o Palácio limitou-se a informar que serão medidas de curto prazo para ampliar o acesso da população a carros novos e alavancar a cadeia produtiva ligada ao setor automotivo. Participarão do evento executivos das montadoras e dirigentes sindicais.

 

A expectativa inicial do governo era que os preços de “modelos de entrada”, os mais baratos do mercado, caíssem inicialmente para R$ 45 mil a R$ 50 mil, valor que, depois, foi alterado para R$ 50 mil a R$ 60 mil.

 

Segundo informações de pessoas que participam das discussões, entre as medidas avaliadas – provavelmente nem todas aprovadas – estão redução de impostos como IPI e ICMS, ações para facilitar acesso ao crédito e uso de parte do FGTS como garantia para pagamento de prestações ou como parte do pagamento do carro novo.

 

A decisão do presidente de fazer o anúncio no Palácio do Planalto, e não na Fiesp, fez a entidade mudar sua programação. As presenças de Lula, Alckmin e do ministro Fernando Haddad estavam agendadas para a parte da manhã, mas foram alteradas para o final da tarde.

 

O único do grupo inicialmente previsto para o evento e que estará o dia toda na sede da Fiesp é o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

 

São esperadas medidas para toda a indústria, várias delas ligadas a programas do banco de fomento, como redução do custo de funding (financiamento) com remuneração pela TLP (Taxa de Longo Prazo), criação de uma Letra de Crédito para o Desenvolvimento (LCD), linhas de financiamento do BNDES atreladas a outros indicadores, como Selic e dólar. (O Estado de S. Paulo Online/Cleide Silva e Anna Carolina Papp)