Inflação e juro alto derrubam em 18% a lucratividade das empresas na Bolsa

O Estado de S. Paulo

 

Vendas aumentaram 12,8%, mas custo de operação subiu na mesma proporção e despesas saltaram 31,8%.

 

O cenário macroeconômico desafiador e os juros altos, hoje ditados por uma taxa básica (Selic) de 13,75% ao ano, derrubaram os resultados das empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira. Levantamento da plataforma independente do mercado financeiro Trademap mostra que as companhias com papéis negociados na B3 registraram queda média de 18% no lucro do primeiro trimestre de 2023, ante igual período do ano passado.

 

O estudo analisou o desempenho de 296 companhias com ações negociadas na Bolsa, excluindo apenas empresas do setor bancário e nomes como Petrobras, Vale, Braskem, Suzano, Azul e JBS. O responsável pela pesquisa, Einar Rivero, diretor comercial do TradeMap, explica que empresas com comportamento muito fora da curva em comparação ao restante são retiradas da base de análise, o que ajuda a manter os resultados mais fidedignos em relação à realidade.

 

Em linhas gerais, o grupo de empresas analisadas teve aumento de 12,8% nas vendas para o trimestre, em comparação com 2022, ao mesmo tempo que o custo de operação dos negócios subiu 12,7% no período. As despesas financeiras, decorrentes de empréstimos e financiamentos, cresceram R$ 16,5 bilhões, um salto de 31,8%.

 

Isso ajudou a reduzir o lucro das companhias para R$ 33 bilhões no trimestre – R$ 7,8 bilhões a menos do que em igual período de 2022. A dívida bruta das companhias cresceu 37,1% em comparação a 2022, para R$ 1,3 trilhão.

 

O levantamento levou em consideração dados dos balanços financeiros das companhias listadas em Bolsa para os três primeiros meses do ano. Conforme rege a normativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as empresas têm até 45 dias após o fim do período fiscal para divulgar os resultados, prazo que se encerrou na última segunda-feira.

 

O peso da Selic

 

Na avaliação de Rivero, os dados analisados apontam que o lucro das companhias do mercado de capitais acabou sendo fortemente impactado principalmente pelos juros altos no País – nas últimas semanas, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a taxa Selic em 13,75% pela sexta vez consecutiva. 9O Estado de S. Paulo/Wesley Gonsalves)