Novas tecnologias chegam à reposição e acesso a dados do veículo se torna fundamental

Portal Novo Varejo

 

A indústria automotiva passa por uma transformação sem paralelo graças à migração para os veículos elétricos a bateria e o surgimento de carros conectados equipados com as novas arquiteturas Elétrica e Eletrônica (E/E). Conforme estas inovações disruptivas ganham impulso, toda a cadeia de valor deve se preparar para os desafios de manutenção desses veículos nas próximas décadas.

 

Os desafios para o setor de serviços foram o foco da 14ª edição da Aftermarket Conference 2023 realizada pela CLEPA – European Association of Automotive Suppliers. O evento teve como tema Aftermarket Conference 2023, com o tema ‘Driving Servic Innovation’, ou Impulsionando a Inovação nos Serviços. Foram mais de 180 participantes, entre oradores da Comissão, do Parlamento e da indústria europeia, reunidos em Bruxelas, capital da Bélgica, entre os dias 29 e 30 de março.

 

Consumidor

 

Em seu discurso de boas-vindas, o secretário-geral da CLEPA, Benjamin Krieger, afirmou que a confiança do consumidor é crucial para a aceitação e implantação de novas tecnologias. “Isso é melhor alcançada por uma ampla escolha de reparadores qualificados e equipados no mercado de reposição, garantindo serviço contínuo ao longo da vida útil dos veículos”.

 

A presença do consumidor no centro do debate também é vista como muito relevante por Hasmeet Kaur, da Roland Berger, que compartilhou seus pensamentos sobre a ‘ Visão da Mobilidade em 2040’.

 

Mark Nicklas, chefe da Unidade de Mobilidade na Direção-Geral da Comissão Europeia para Mercado Interno, abriu o segundo dia da conferência com uma visão geral sobre regulamentos relevantes para o mercado de reposição, afirmando que a segurança cibernética é essencial, mas exigirá mais intervenção regulatória para garantir condições equitativas. A plateia também notou que a Comissão ainda planeja desenvolver uma proposta de regulamento setorial específico para complementar a Lei de Dados da UE no que diz respeito ao uso de dados gerados pelos veículos. Neste sentido, Angelica Petrov, assessora de Políticas no escritório do MPE Alin Mituta, apresentou a opinião do Parlamento sobre a Lei de Dados. Ela destacou os desafios para alcançar um equilíbrio entre proteger os direitos de propriedade intelectual e os segredos comerciais, ao mesmo tempo em que se possa permitir a partilha de dados no regulamento horizontal dentro de uma definição clara do significado de “dados”.

 

Participação das frotas vai crescer com elétricos

 

Alexander Brenner, do Boston Consulting Group, apresentou na conferência de aftermarket as primeiras descobertas de um estudo conjunto com a CLEPA sobre o impacto das frotas no mercado de reposição. O trabalho revelou que em 2030, cerca de 15% dos carros de passeio serão de propriedade e operados por frotas, com 62% de veículos elétricos a bateria (BEV) no cenário base – o Brasil também assiste a um movimento semelhante, aqui chamado de “pejotização da frota”.

 

Segundo o estudo, o volume futuro do mercado para reparo e manutenção, pneus, reparos de colisão e acessórios, será determinado pelo porcentual geral de veículos pertencentes a frotas, bem como a proporção de BEVs dentro desses parques veiculares. Na segunda metade do evento, Damian Dyrbusch, chefe do recém-fundado Bosch Center of Competence for Mobility System Architectures, forneceu insights sobre a arquitetura E/E de veículos conectados como parte de um ecossistema mais amplo. Isso levou a um painel de discussão sobre os desafios que as novas tecnologias representam para o mercado de reposição. Eric-Mark Huitema (AVERE), Christian Knobloch (Knobloch & Gröhn), Stefan von Dalen (Hella), Dominik Lutter (ZDK) e Hari Ramakrishnan (FIGIEFA) discutiram o futuro papel das montadoras e players de tecnologia, além do impacto das medidas de segurança cibernética exige dos OEMs.

 

O painel também abordou a relevância das atualizações de software. Embora a capacidade técnica do software e as atualizações tenham sido consideradas relevantes, medidas de segurança cibernética e acesso a dados no veículo foram considerados questões determinantes de concorrência no mercado de reposição. Frank Schlehuber, consultor sênior de Assuntos de Mercado da CLEPA, encerrou a 14ª edição da Conferência com um alerta: “O mercado de reposição deve se preparar para novas tecnologias, novos players no setor e aumento dos negócios das frotas. Há grandes expectativas em relação aos formuladores de políticas para um quadro regulamentar robusto para garantir um campo de jogo nivelado, mas é bom ver que o setor já se prepara para os desafios futuros. Vimos práticas e exemplos impressionantes, me deixando confiante de que o mercado de reposição terá força e criatividade para adaptar-se às novas tecnologias”. (Portal Novo Varejo)