Jornal do Carro
O volume de produção de veículos no Brasil teve queda de quase 20% em abril na comparação com março. O balanço, divulgado pela Anfavea, associação que reúne as fabricantes de veículos, culpa as paralisações em diversas fábricas ao longo do mês. Afinal, das 13 registradas em 2023, nove delas ocorreram no mês passado.
De acordo com a Anfavea, frente às 222 mil unidades produzidas em março, as 178,9 mil unidades de abril resultaram em queda de 19,4%. O número cai 3,9% quando comparado com abril de 2022, quando a crise dos semicondutores estava em seu momento mais crítico. No acumulado do ano (de janeiro a abril), 714,9 mil veículos foram entregues pelas montadoras, uma alta de 4,8% sobre o primeiro quadrimestre de 2022, com 682,2 mil.
“Tivemos algumas paradas no mês de abril para adequar a produção à demanda de mercado. Como se vê queda no mercado interno e nas exportações, houve uma adequação de volume”, afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, durante coletiva nesta segunda-feira (8). A entidade afirma que as vendas de abril, de 160,7 mil veículos, caíram 19,2% na comparação com março. Já em relação a abril do ano passado, subiu 9,2%.
Culpa é da taxa de juros
Leite aponta que há necessidade de reaver a atual taxa de juros (de 13,75% ao ano), que “é uma das mais altas do mundo”. Em síntese, caso os juros não baixem, o mercado tende a não crescer, acredita o executivo. Desse modo, para ele, a atual taxa de juros da economia brasileira afeta diretamente o mercado nacional. O presidente da Anfavea, ademais, afirma que isso inviabiliza a contratação de financiamentos junto aos bancos por consumidores com menor poder aquisitivo.
“Com esses juros elevados, o mercado continuará neste processo de retração. O mercado não cresce. A taxa, hoje, é incompatível com a expectativa de crescimento da indústria”, pondera. “Temos que buscar alternativas. Se a taxa de juros é um entrave para o crescimento, faz a produção parar, e tem consequência nos investimentos, precisamos buscar um meio para que a indústria continue performando e não gere baixa de produção”, completa.
Mesmo com a queda, Leite espera que haja recuperação em maio. “Tivemos cinco dias úteis a mais em março em relação a abril (por causa dos feriados prolongados). Assim, há reflexos um dia antes e um dia depois (das datas). Isso já estava previsto e acabou ocasionando menor produção”, pondera. Sobre vendas, o executivo, por fim, acredita que os feriados também puxaram as comercializações para baixo. Entretanto, “a partir de maio, o mercado deve expressar boa reação, como aconteceu no ano passado”, acredita o presidente da Anfavea. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)