Anfavea comenta apoio do governo ao carro “popular”

AutoIndústria

 

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse não ter sido surpresa a declaração do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o projeto do governo de trazer o carro popular de volta.

 

“Enquanto entidade não estamos negociando, mas há montadoras, confome já admitimos anteriormente, conversando sobre o que chamamos de carro verde de entrada (ou acessível). Aplaudimos qualquer medida que vise aumentar vendas e produção é bem-vinda”.

 

Lula falou sobre o resgate da ideia do popular na última quinta-feira, 4, na primeira reunião do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado “Conselhão”, do qual a Anfavea faz parte.

 

Na ocasião, disse que o governo pretende tomar iniciativas para trazer veículos mais baratos ao País, além de garantir melhores condições de pagamento. “Qual pobre que pode comprar carro popular por R$ 90 mil? Um carro de R$ 90 mil não é popular. É para classe média”, afirmou.

 

Dois dias depois, no Twitter, Lula reforçou posição do governo com o seguinte comentário: “No Brasil, não tem mais carro popular. Como uma pessoa pobre pode comprar um carro de R$ 70 mil? Se já mudamos as coisas uma vez, por que não podemos mudar de novo?”.

 

“Lula falou em R$ 90 mil e depois em R$ 70 mil. O importante é a ideia de ter um carro de entrada nais acessível que permita o acesso de mais brasileiros ao mercado de 0 km, desde que garantidos os requisitos mínimos de segurança do veículo.

 

Dentre os itens em debate, o presidente da Anfavea admitiu uma redução da carga tributária – “apesar das limitações do governo nesse sentido” – e também uma redução das margens das montadoras, “o que não posso comentar por ser uma questão específica das empresas que têm condições de oferecer um modelo mais acessível e estão participando das negociações com o governo”.

 

O executivo também admitiu que há uma proposta na mesa de o carro verde acessível ser movido 100% a etanol. Mas deixou claro que não há ainda nenhuma definição sobre o projeto, comentando que “em algum momento toda essa discussão vai ser mais efetiva”. Atualmente, os carros mais baratos no País, na faixa de R$ 70 mil na versão de entrada, são o Fiat Mobi e o Renault Kwid.

 

Leite tinha agendado para esta segunda-feira, 8, reunião no BNDES para discutir linhas de crédito principalmente para veículos pesados. “É um desdobramento da reunião do Conselhão na quinta-feira. Temos demandas importante com relação à utilização do Finame e também linhas de financiamento para exportação, como já em outros países”.

 

Sobre um programa de renovação de frota dos veículos leves, o presidente da Anfavea disse que num primeiro momento a discussão está centrada na inspeção técnica veicular, medida fundamental no processo de descarbonização. Mas admitiu que já estudos sim para um programa de renovação, que envolveria a troca de um usado mais velho por um usado mais novo. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)