AutoIndústria
As redes de concessionárias Peugeot e Citroën ameaçam entrar na Justiça contra a Stellantis. Em longa carta de seis páginas enviada em 2 de maio à direção da montadora, os revendedores sustentam que os veículos das duas marcas têm apresentados problemas de falta de qualidade que “estão maculando a imagem das marcas” e, por consequência, afastando os clientes.
O texto assinado pelas diretorias da Abracop e a Abracit, respectivamente as associações dos revendedores Peugeot e Citroën, afirma que os revendedores já expuseram os problemas às duas marcas em reuniões pessoais, online e por correspondências enviadas às áreas responsáveis.
Dentre as dificuldades relacionadas estaria, também, a falta ou demora para o recebimento de peças de reposição destinadas ao reparo dos veículos nas oficinas das rede.
“A falta recorrente de peças e problemas de qualidade dos veículos já foram objetos de várias tratativas e correspondências anteriores enviadas para as marcas Peugeot e Citroen, porém apesar de alguns esforços e das medidas tomadas pelas marcas estas, é certo que não estão sendo efetivas e seus efeitos ainda não estão sendo sentidos pelos clientes”, alertou o documento.
Explicitamente, as representantes dos concessionários citam o Novo C3, mais recente produto da Citroën, fabricado em Porto Real, RJ. O hatch chegou às lojas em setembro do ano passado, quase um ano depois de sua primeira apresentação e cujo lançamento fora previsto pela montadora para o começo de 2022. Na época, a Stellantis justificou a crise de abastecimento de componentes, em especial de semicondutores, para o atraso no cronograma.
“Não podemos deixar de citar que o veículo C3 – recém-lançado – cujo lançamento foi adiado por vários e vários meses, tendo sido lançadas diversas campanhas das quais temos várias ativas para correção dos problemas sendo que, em algumas
dessas campanhas, não existem peças disponíveis para substituição “, afirma o texto.
Os concessionários, contudo, não escondem importante pano de fundo da desavença com as marca ao afirmar que “além do fato das concessionárias não terem condições de atenderem seus clientes de forma plenamente satisfatória, isso também vem impactando – forte, negativamente e de forma injusta – nos recebimentos dos bônus atrelados às pesquisas de qualidade realizadas pelas marcas”.
As associações concluem o texto enumerando série de providências que esperam das marcas – para correção dos problemas de qualidade, falta de peças e também a reavaliações dos critérios de bonificação das concessionárias com base na análise dos desempenhos de qualidade de atendimento ao cliente – e informando que “o não atendimento de quaisquer delas”, no prazo de dez dias, ” ensejará o ajuizamento imediato de todas as medidas judiciais possíveis”.
Consultada por AutoIndústria, a Stellantis manifestou-se por meio de uma curta nota oficial:
“A Stellantis detém os mais rígidos testes de qualidade, alinhados com as melhores práticas globais. Inconvenientes pontuais de abastecimento de peças são tratados e corrigidos com a maior velocidade possível.” (AutoIndústria)