O Estado de S. Paulo
O Banco Central resistiu às renovadas pressões do governo e manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida. É a primeira decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desde a apresentação do novo arcabouço fiscal – regra que deve substituir o teto de gastos no controle das contas públicas.
A decisão, já amplamente esperada pelo mercado, mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017. Entre as justificativas, o Copom cita no comunicado como fatores de risco a maior persistência das pressões inflacionárias globais e a “incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal” em negociação no Congresso, sobretudo “seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação”.
O BC reconheceu que a apresentação da proposta pela equipe econômica reduziu as incertezas no campo das contas públicas, assim como a reoneração dos combustíveis – decisão tomada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim de fevereiro. Por outro lado, o Copom repetiu que não há “relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”.
Em meio à forte ofensiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo pela redução dos juros, o BC manteve a estratégia de manutenção da Selic para alcançar a convergência da inflação para a meta em 2024, mas em contrapartida apontou menor chance de voltar a subir os juros caso a inflação não desacelere como o esperado.
No comunicado, o BC inseriu trecho de que a retomada do ciclo de ajuste é um “cenário menos provável”, embora tenha repetido que não hesitará em tomar essa decisão caso a inflação não ceda. O BC voltou a dizer que “a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária”.
Desde a última reunião, em março, os membros do Copom têm reiterado que as condições para a queda dos juros básicos ainda não estão postas no Brasil. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que a desaceleração da inflação tem sido lenta e que é preciso redução das expectativas inflacionárias, que já “fugiram” muito da meta. Já o governo vê a manutenção dos juros em patamar elevado como um obstáculo extra para o crescimento da economia.
O aumento do juro básico da economia se reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos. (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos e Antonio Temóteo)
Emplacamentos de veículos caem mais de 18% em abril
Coisas de Agora
Segundo a FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, entidade que representa mais de 7.300 Concessionárias no Brasil, a queda dos emplacamentos de veículos sobre 2019 reflete a realidade do mercado atual, afetado, entre outras razões, pelo aumento das taxas de juros para financiamentos, restrição de crédito, queda do poder de compra dos consumidores e, consequentemente, da demanda.
“Apesar do aumento percentual de emplacamentos no 1º. quadrimestre de 2023 sobre igual período de 2022, isso não representa motivos de comemoração, no caso de automóveis, pois ainda estamos mais de 32% abaixo de 2019, período que antecedeu a crise provocada pela pandemia”, esclarece o Presidente da FENABRAVE, Andreta Jr.
Também os resultados de abril 2023 sobre o mês anterior ficaram abaixo das expectativas. Com 5 dias úteis a menos do que março, o mês de abril teve retração de 18,7%.
Já no acumulado de 2023 sobre 2022, ainda que diante de uma base baixa, já que, no ano passado, havia falta acentuada de componentes na indústria, os emplacamentos de veículos tiveram alta de quase 18%. Se comparados os meses de abril 2022 e abril 2023, houve aumento de 9,7%.
“O mês de abril (18 dias) teve 5 dias úteis a menos do que março (23), com dois feriados que caíram em sextas-feiras, afetando, também, o sábado. Isso impactou no resultado do setor como um todo”, diz Andreta Jr., Presidente da entidade. “Apesar desse fraco desempenho, alguns segmentos tiveram aumento de emplacamentos por dias úteis e já se recuperaram em relação à pandemia, o que não aconteceu com automóveis que, infelizmente, ainda apresentam queda real expressiva”, analisa.
* Clique aqui e acesse o Resumo Mensal Fenabrave – abril/23 (Coisas de Agora)