Brasil e Argentina discutem linha de crédito para exportação, diz secretário

O Estado de S. Paulo

 

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou ontem que Brasil e Argentina discutem a criação de uma linha de crédito de exportação entre ambos os países. O risco da modalidade, segundo ele, está atrelado à conversibilidade da moeda, especialmente por envolver o dólar.

 

“A demanda pelos produtos existe, o problema é a conversibilidade da moeda, ele (empresário) vai vender em pesos na Argentina. Aí, quando tiver de pagar o financiamento do lado de cá, o que vai acontecer é que tem o problema de conversibilidade. Será que o volume de pesos aferidos ao converter para real vai ser suficiente para pagar a dívida?”, disse ele, durante entrevista à GloboNews.

 

O secretário acrescentou que a complexidade dessa estrutura aumenta por envolver uma moeda de um terceiro país, os Estados Unidos, que não participa dessa relação. “Hoje, existe comércio entre Brasil e Argentina que é feito por uma moeda de um terceiro País, não participante desse comércio, e a política monetária desse país afeta a disponibilidade dessa moeda para realização desse comércio”, afirmou.

 

Galípolo explicou que as linhas de exportação são financiamentos que pagam diretamente as empresas brasileiras que vendem serviços e mercadorias para clientes na Argentina, e que neste momento são relevantes dada a restrição do balanço de pagamento no país vizinho – às voltas com uma nova crise econômica.

 

As declarações foram dadas um dia antes de reunião marcada para hoje à tarde, em Brasília, entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández. O encontro foi confirmado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) ao Estadão/Broadcast. O encontro foi combinado na quinta-feira passada, quando Lula e Fernández conversaram por videoconferência.

 

Galípolo declarou ainda que a Argentina é um importante parceiro comercial, especialmente por importar produtos industriais e de alto valor agregado. Ele estima que houve uma perda de aproximadamente U$ 6 bilhões de espaço no comércio com o país vizinho diante da entrada da China nos últimos cinco anos. “O país asiático vem viabilizando mecanismos de financiamento em alternativa a meios de pagamento.”  (O Estado de S. Paulo/Giordanna Neves)