Fabricante alemã de máquinas agrícolas inaugura 1ª unidade no Brasil

Gazeta do Povo

 

Com investimento de R$ 350 milhões e geração de 300 empregos diretos e mais mil indiretos, a multinacional alemã Horsch, fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas, inaugurou na última semana a primeira fábrica no Brasil. O local escolhido como sede é a Cidade Industrial de Curitiba (CIC), bairro da capital paranaense que concentra empresas diversas.

 

“É o maior investimento feito pela empresa em uma única unidade”, disse o CEO da operação para a América Latina, Rodrigo Duck. A planta industrial da CIC vai atender todo o mercado latino-americano e parte da África, além de demandas pontuais de outros países, inclusive da Europa.

 

O CEO mundial da Horsch, Philipp Horsch, participou da inauguração e destacou a vinda da multinacional para o Brasil. “Não estamos aqui por acaso. O Brasil sempre foi um mercado muito interessante para nós. Viemos da produção agrícola em grandes áreas de agricultura e do plantio direto e as lavouras cultivadas aqui são muito interessantes para o nosso negócio”, frisou.

 

Horsch classificou a inauguração da fábrica, em Curitiba, como “um marco para a nossa história”. Segundo ele, a partir da nova unidade, a tecnologia da Horsch vai ser disponibilizada para um grupo maior de produtores rurais no mundo.

 

Com 35 mil metros quadrados de área construída, a fábrica ocupa um terreno de 16 hectares. No local serão fabricadas todas as linhas de plantio, manejo de solo e tratos culturais. Há previsão também de, em breve, iniciar a produção de semeadoras.

 

O maquinário desenvolvido pela empresa alemã é voltado principalmente para as lavouras de grãos, como soja e milho. Mas há máquinas e equipamentos também para as culturas de algodão e cana de açúcar, entre outras.

 

Qualidade da mão de obra

 

A facilidade em encontrar pessoas qualificadas para o trabalho em comparação a outras cidades e estados foi determinante na escolha de Curitiba para sediar a fábrica, conforme explicou Rodrigo Duck. Segundo ele, além da capacitação técnica, o conhecimento do idioma alemão era necessário. “Encontramos várias pessoas com conhecimento do alemão aqui”, destacou.

 

Segundo Duck, a geração de emprego tem sido constante na Horsch no Brasil. “No ano passado, tínhamos 220 colaboradores, Hoje temos 300 e devemos fechar o ano com cerca de 360”, informou.

 

A Horsch atua no Brasil desde 2017, quando alugou um barracão no município de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, para instalar uma fábrica onde produziu até a transferência para a sede própria, agora inaugurada. Antes disso, em 2014, iniciou alguns testes de campo na Bahia, com maquinário trazido da Alemanha para avaliar o desempenho e a necessidade de adaptação para as condições de solo brasileiras. Algumas máquinas foram testadas também em Goiás.

 

“Trazemos tudo o que temos de tecnologia na Europa para cá, nenhum produto é desespecificado ao ser fabricado no Brasil”, diz Duck. “São feitas apenas adaptações e aprimoramentos necessários para atender o produtor daqui”, explica. O CEO esclarece que algumas tecnologias alemãs são opcionais e não precisam necessariamente ser adquiridas pelos agricultores da América Latina, mas tudo é ofertado da mesma forma.

 

Horsch detém 20% do mercado  

 

O CEO para a América Latina informa que em todos os mercados nos quais a Horsch atua, a empresa detém cerca de 20% de participação. Mas ele esclarece que no Brasil não existe essa meta. “Para nós, a participação no mercado não é relevante. Nós queremos atender bem o agricultor”, pontuou. “Em consequência disso, devemos alcançar uma participação interessante”, completou.

 

Duck informou que o público-alvo da nova fábrica da Horsch são agricultores profissionais do Brasil e demais países da América Latina. “É todo agricultor que está disposto a investir e busca alta tecnologia, alta qualidade e alta eficiência”, disse.

 

Ainda segundo o CEO, a vinda da fábrica para o Paraná não foi condicionada a incentivos fiscais. “A Horsch é uma empresa familiar, formada por pessoas que têm origem no agronegócio e faz parte de sua cultura nunca buscar primeiro os incentivos. A empresa vem, se instala e, se tiver direito a incentivos já existentes pode se candidatar a eles”, explicou.

 

E foi o que aconteceu no caso da fábrica recém-inaugurada. A empresa se candidatou, foi aprovada e contemplada dentro do Paraná Competitivo, programa de atração de investimentos do governo do Paraná. O programa oferece dilação de prazos para recolhimento do ICMS e incentivos para melhoria da infraestrutura, do acesso ao comércio exterior, desburocratização e capacitação profissional.

 

De acordo com informações do governo do Paraná, os incentivos pleiteados são avaliados de forma técnica pela Invest Paraná. A avaliação leva em conta as prioridades do estado, como tipo do investimento, setor econômico, número de empregos gerados, impactos econômicos, sociais e de meio ambiente, adensamento da cadeia produtiva e grau de inovação.

 

Após a avaliação técnica, o processo passa para análise da Secretaria de Estado da Fazenda, onde é decidida a concessão dos incentivos, bem como prazo e carência. (Gazeta do Povo/Elvira Fantin)