Diário do Grande ABC
A Mercedes-Benz passará a atuar em turno único por período que pode variar de dois a três meses a partir de maio na fábrica de São Bernardo. Esta é segunda medida de redução da produção anunciada pela empresa neste ano. Desde o início da semana, 300 funcionários estão em férias coletivas pelo período de um mês.
A Mercedes tem 8.000 trabalhadores em São Bernardo, sendo que 2.000 atuam no segundo turno.
A companhia citou a redução nas vendas, causada pela alta nos juros e a dificuldade de obtenção de crédito, como o principal motivo para a adoção das medidas.
“No começo de 2023, a Mercedes-Benz do Brasil já previa uma queda do mercado interno de veículos comerciais em função da mudança de legislação ambiental – Proconve P8 (Euro 6). Porém, no decorrer do primeiro trimestre, em razão de juros elevados e de dificuldades na concessão de financiamentos, observou-se uma demanda ainda menor do que a esperada para este ano”, declarou a empresa por nota.
O diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e presidente da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou a necessidade de acesso ao crédito. “É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o sindicalista.
Outra empresa da região que encerrou o segundo turno foi a Scania. Além disso, a fabricante de caminhões também não renovou o contrato com trabalhadores temporários no fim do mês passado.
Juros
De acordo com a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022. Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado. Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No terceiro trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período, segundo dados da Anef, com elaboração da Subseção do Dieese dos Metalúrgicos do ABC. (Diário do Grande ABC/Nilton Valentim)