O Estado de S. Paulo
A Uber suspendeu ontem o serviço Uber Moto, de carona por motocicleta, na cidade de São Paulo. A empresa afirmou que a decisão foi tomada em “comum acordo” com a Prefeitura que, desde o começo da atividade na capital, iniciada em janeiro, tem se mostrado resistente e vem tentando impedir a operação desse tipo de transporte, em função do alto risco de acidentes.
No comunicado, a Uber diz que compreende que a administração pública precisa de “estudos mais aprofundados” para a implementação do serviço, e informou que representantes da empresa também estão integrando o Grupo de Trabalho técnico criado para discutir meio para a atividade ser oferecida de forma legal e com a maior segurança. “Em comum acordo, ainda que amparados em legislação federal que permite o serviço, suspendemos o Uber Moto em São Paulo enquanto continuamos trabalhando diretamente com o Executivo municipal à procura de alternativas eficientes e inovadoras para a locomoção das pessoas que circulam na cidade”, completou.
Não há data para o fim da suspensão e o retorno do Uber Moto em São Paulo, segundo a empresa. A Uber informou também que o serviço continua funcionando no Rio Janeiro, onde também sofreu resistência por parte do poder público local. O transporte é oferecido pelo aplicativo em 170 cidades no Brasil.
A decisão da Uber acontece um dia antes da data prevista para começar o mesmo tipo serviço de caronas oferecido pela 99. Na última sexta-feira, a plataforma anunciou que o 99Moto chegaria à Grande São Paulo e ao Rio de Janeiro com início previsto para esta terça, 31 de janeiro.
A Prefeitura de São Paulo se posicionou contrária à atividade e, no mesmo dia, informou que o Comitê Municipal de Uso Viário (CMUV) notificou a 99 sobre a suspensão das viagens feitas por motocicletas. A 99 foi questionada se vai manter a decisão de começar o serviço, nas não se pronunciou até as 19 horas.
Reação
Para o engenheiro Sergio Ejzenberg, a decisão da Uber de não ofertar mais o Moto Uber é “sensata e responsável”, e entende que a empresa pode ajudar, ao lado da Prefeitura, no trabalho de regulamentar a atividade de transporte de passageiros por motos. “O mototáxi já funciona nas periferias de um modo selvagem. Já que não se pode proibir, é necessário regulamentar. É necessário que a Uber se junte com o poder público para fazer uma regulamentação para maximizar a segurança de um tipo de transporte que é intrinsecamente perigoso”, diz.
Em entrevista à Rádio Eldorado, o coordenador da Divisão de Mobilidade e Logística Urbana do Instituto de Engenharia, Flamínio Fichmann, avalia como “extremamente negativa” a possibilidade de regulamentação do serviço de mototáxi. Segundo ele, tanto o Ubermoto quanto o 99moto devem ser vistos como transporte ilegal, passível de recolhimento de veículo ao pátio, apreensão de CNH e processo contra empresas que se aproveitam de uma brecha na lei para oferecer o serviço. “Vai diminuir a demanda de passageiros no transporte público e causar impacto negativo no sistema estruturado”. (O Estado de S. Paulo/Caio Possati)