O Estado de S. Paulo
A Petrobras anunciou ontem que vai elevar em 7,5% o preço da gasolina para as distribuidoras nas suas refinarias a partir de hoje. O preço do combustível passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro, um aumento de R$ 0,23, informou a estatal. Trata-se do primeiro aumento do combustível no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Petrobras não mexia no valor da gasolina havia 50 dias, enquanto a Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, subiu o preço do combustível na semana passada.
O anúncio acontece dois dias antes da reunião do Conselho de Administração da estatal que deve eleger o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para a presidência da companhia (mais informações nesta página). O último reajuste havia sido uma redução de 6,11% no dia 7 de dezembro do ano passado.
De acordo com a Petrobras, considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, de R$ 2,42 a cada litro vendido na bomba.
“Esse aumento acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”, disse a estatal, em nota.
O preço da gasolina fica agora também mais próximo do praticado pela Acelen na Refinaria de Mataripe, na Bahia, única refinaria privada de grande porte no Brasil e cujos reajustes são semanais. Após o último aumento da Acelen na semana passada, o preço da gasolina vendida pela Petrobras ficou em média R$ 0,27 acima do preço praticado pela concorrente.
Defasagem
De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina da Petrobras em relação ao mercado internacional havia chegado a 15% na segunda-feira, o que abria a possibilidade de um aumento de até R$ 0,55 por litro – mais do que o dobro do índice anunciado ontem pela estatal.
Já nos postos, o preço médio da gasolina tinha voltado a ficar abaixo dos R$ 5, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), patamar que deve ser ultrapassado novamente com o aumento.
Diesel
A Ativa Investimentos prevê que o diesel também poderá ser alvo de um novo aumento de preço pela Petrobras. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estimou que a defasagem do combustível no mercado internacional, na segunda-feira, era de 11,34%. No mesm0 dia, a Abicom calculou em 9%.
A Ativa destacou que os altos cargos na Petrobras atualmente ainda são ocupados pelos mesmos membros de 2022, indicados pelo governo Bolsonaro, “ou seja, não foi a nova gestão que tomou esta decisão”, destacou a corretora. A decisão final de reajustes pela Petrobras, após avaliação dos técnicos, é tomada pelo presidente da companhia e os diretores Financeiro e de Comercialização e Logística.
Para os analistas da Ativa, depois que a gestão for alterada, com a entrada de Prates, será formatada uma nova política para os preços. (O Estado de S. Paulo/Denise Luna)